sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Dois Beatos, duas memórias



Os Beatos

Carlos de Áustria

e João Paulo II

Ao contemplar dois beatos que, de modo especial, estão no coração dos madeirenses, Carlos de Áustria e João Paulo II, podemos concluir que ambos têm muita coisa em comum. Não apenas pelo facto de um ter beatificado o outro, mas muitos outros aspectos das suas vidas aparecem lado a lado e não será por coincidência. Sensibilidade, santidade, devoção, datas, lugares… tanta coisa que nos faz prestar atenção aos sinais da Providência de Deus. Nada é por acaso.

Tal como estes dois santos acertaram os seus passos nos caminhos da vida, da santidade e do serviço, nós também hoje podemos acertar o nosso andar ao seu ritmo de modelo e exemplo.


- Unidos pelo mesmo nome CARLOS JOSÉ

Carlos José de Áustria, ao ser baptizado recebeu o nome de um santo: São Carlos Borromeu. A Igreja Paroquial de Nossa Senhora do Monte tem na capela lateral do Imaculado Coração de Maria uma imagem de São Carlos Borromeu e de Santa Zita, oferta da família imperial. Nessa mesma Capela esteve sepultado o corpo de Imperador antes de ser construída a actual capela tumular.

A 18 de Maio de 1920 nasceu o filho mais novo do casal polaco Karol Wojtyla e Emília Kaczorowska. Foi dado o nome de Karol Jósej. Não foi apenas a repetição do nome do pai, mas a junção dos dois nomes, Karol Jósej,  foi em memória do imperador Carlos José de Áustria, que o pai do menino conhecera, admirara, como rei, soldado e cristão, na primeira grande guerra.


- Unidos pelo Dia de SÁBADO

Carlos José de Habsburg tinha uma devoção especial do Sábado, como sabemos, dedicado à devoção de Nossa Senhora e foi aos Sábados que aconteceram os grandes episódios da sua vida: crisma, casamento, coroação, chegada à Madeira como exilado e morte. Foi crismado a 8 de Setembro de 1900, no Sábado em que se celebrava a Natividade de Nossa Senhora. O futuro imperador casou com a Princesa de Parma Zita de Bourbon no dia 21 de Outubro de 1911, num Sábado. Depois de coroado Imperador da Áustria, foi a Budapeste onde a 30 de Dezembro de 1916 foi coroado rei da Hungria com o nome de Carlos IV, num dia de Sábado. Chegou exilado à Madeira no dia 19 de Novembro de 1921 também em dia de Sábado. Faleceu também num Sábado, o primeiro do mês, a 1 de Abril de 1922 na freguesia de Nossa Senhora do Monte.

João Paulo II também foi um homem de grande devoção do Sábado: Foi num Sábado, 13 de Abril de 1929 que faleceu a sua mãe. Foi num Sábado, 14 de Outubro de 1978, que entrou no Conclave donde, dois dias depois sairia já como Papa João Paulo II. Foi num Sábado, 13 de Maio de 2000, que ao visitar pela terceira vez o Santuário de Fátima, revelou o chamado terceiro segredo de Fátima, no qual ele próprio se revia. Finalmente, foi no primeiro Sábado do mês, 2 de Abril de 2005, que morreu santamente.


- Unidos na devoção e protecção MARIANA:

Carlos de Absburgo ao notar que no anel de casamento da mãe da sua noiva Zita estava gravado: Sub Tuum praesidium configimus, Sancta Dei Genitrix (À tua protecção nos recorremos Santa Mãe de Deus), logo mandou que a mesma inscrição fosse gravada na sua aliança e na da sua esposa. Mais tarde, aquando da Primeira Guerra Mundial, mandou que a mesma inscrição ‘Sub Tuum praesidium’ fosse gravada no sabre que havia de usar. Costumava visitar com frequência os vários santuários marianos e foi ajoelhado junto da imagem de Nossa Senhora de Cabeça Inclinada que o Jovem imperador tomou a coroa como soberano. Na sua chegada à baía do Funchal, ao olhar para a montanha viu a Igreja e as suas duas torres de Nossa Senhora do Monte, terá dito: ‘Deve ser um templo dedicado a Nossa Senhora; em breve iremos visitá-lo…’ Não só teve oportunidade de visitar, como de viver os últimos 45 dias da vida e aí descansar pela eternidade…

Também o Papa João Paulo II desde sempre expressou a mesma devoção mariana. Escolheu como lema do seu pontificado a expressão: Totus Tuus, Maria! (Sou todo teu, Maria). Era muito devoto de Nossa Senhora de Czestochowa, o grande santuário mariano da Polónia, consagrado à Mãe de Deus. Foi alvo de um atentado no dia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que segundo a sua fé, o protegeu e o amparou numa vida que se prolongou com gratidão por essa protecção. Também na Madeira João Paulo II rezou à mesma Senhora do Monte durante a concelebração eucarística no Funchal onde se encontrava a imagem da mesma Senhora…


- Unidos na HORA da sua chegada à MADEIRA:

O Imperador Carlos da Áustria, chegou ao Porto do Funchal, pelas 10H35 do dia 19 de Novembro de 1921, a bordo do cruzador inglês ‘Cardiff’.

À mesma hora, mas 70 anos depois, chegou de avião à Madeira outro ilustre visitante vindo do Oriente. Pelas 10H35 do dia 12 de Maio de 1991 chegou o Papa João Paulo II ao Aeroporto da Madeira.


- Unidos no MÊS e DIA da sua MORTE:

A Providência também juntou os dois Beatos no calendário da sua morte: O Imperador Carlos de Áustria faleceu no dia 1 de Abril de 1922, ao fim da manhã.

O Papa João Paulo II morreu no fim da tarde do dia 2 de Abril de 2005.


- Unidos no mistério PASCAL:

O Imperador Carlos da Áustria depois de uma subida ao Monte no seu calvário, com Cristo morreu para com Cristo ressuscitar.

         O Papa João Paulo II faleceu na véspera do II Domingo de Páscoa ou do Domingo da Divina Misericórdia. Morreu como viveu: mostrando o rosto misericordioso de Deus.


- Unidos no DIA da sua MEMÓRIA:

Foi o Papa João Paulo II que beatificou o Imperador Carlos de Áustria e determinou que a sua festa ou memória fosse celebrada no dia 21 de Outubro. Foi o dia do seu matrimónio, como exemplo de santidade matrimonial para os dias de hoje, recordando a promessa mútua do casal imperial: Agora devemos conduzir-nos um ao outro para o céu!

O dia escolhido para a festa e memória do Beato Papa João Paulo II foi 22 de Outubro, o início do seu pontificado, como eco da sua mensagem e missão: ‘Não tenhais medo de acolher Cristo…Procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo! Não tenhais medo!...’



De facto, nos assuntos de Deus não há coincidência, há Providência. Estes dois santos vieram de longe, vieram de Leste e ficaram para sempre unidos entre si e unidos à gente da Ilha da Madeira.

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