quinta-feira, 6 de novembro de 2025

O Condestável virou monge


Memória de São Nuno de Santa Maria 

Álvares Pereira, +1431

A – O Santo e o Padre

No dia 15 de agosto de 1423, Nuno Álvares Pereira foi admitido na Ordem Carmelita como um simples monge com o nome de Nuno de Santa Maria. Tornou-se um grande religioso, assim como fora um grande soldado. Com ele no mosteiro estava um sacerdote que, antes da sua ordenação, fora soldado e servira sob o comando de Nuno. Quando passava, o monge Nuno beijava o manto do sacerdote como sinal de respeito à sua dignidade. Por sua vez, o sacerdote costumava dizer que uma das maiores honras da sua vida fora servir como pajem do Condestável. Havia uma bela reciprocidade de respeito entre o Condestável – agora monge – e o padre – antes pajem.

O espírito católico se alegra em reconhecer a superioridade do outro. Naquela época, essa alegria se manifestava em gestos e expressões de respeito e admiração mútuos, que acrescentavam grande valor à vivência cristã.

Isto faz parte dos ensinamentos de Jesus: Pois todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado.

 

B – O Santo e o Rei

Durante o último ano da sua vida, Frei Nuno de Santa Maria recebeu a visita do Rei D. João I, que o abraçou pela última vez. O Rei chorou, pois considerava Frei Nuno seu amigo mais próximo, aquele que o colocara no trono e fundara com ele a Casa Real de Bragança. Naquela época, as pessoas não temiam a morte. Era comum um homem pressentir a proximidade do fim. Se estivesse forte o suficiente, visitava os seus amigos e parentes próximos para se despedir. Da mesma forma, as pessoas que o conheciam eram aconselhadas a visitá-lo e dar-lhe um último adeus. Todos encaravam isso naturalmente, pois as pessoas tinham fé. Aqueles que permaneceriam nesta vida costumavam pedir favores ao moribundo: “Peço-te que me recomendes a Nossa Senhora” ou “Quando vires a minha padroeira, por favor, lembra-lhe de que preciso da sua ajuda.”

Era uma época de cortesia, e as pessoas até morriam com polidez e elegância. Se alguém estava partindo deste mundo, o gesto de cortesia era visitá-lo e se despedir. Expressava-se gratidão, dava-se ou recebia-se algum bom conselho, demonstrava-se estima pela última vez. Foi por isso que o Rei foi visitar D. Nuno. O rei queria demonstrar a sua amizade ao Condestável Nuno Álvares Pereira. Ao vê-lo, o Rei chorou, abraçaram-se e, em seguida, cada um seguiu o seu caminho. Nuno Álvares faleceu e, no Céu, rezou pelo Rei, seu amigo.

Era um tempo de elegância e de cortesia. Mas acima de tudo expressava fé, esperança e caridade.

Isto faz lembrar o diálogo com Jesus no alto da Cruz: Lembra-te de mim quando entrares no teu reino.

 

Ver também:

O jejum do Santo Condestável

Sem desânimo

O Santo da batalha

Rezar é combater

Ecos de um santo

São Nuno

Condestável

São Nuno de Santa Maria

 

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