Memória de São Nuno de Santa Maria
Álvares Pereira, +1431
A – O Santo e o Padre
No dia 15 de agosto de 1423, Nuno
Álvares Pereira foi admitido na Ordem Carmelita como um simples monge com o
nome de Nuno de Santa Maria. Tornou-se um grande religioso, assim como fora um
grande soldado. Com ele no mosteiro estava um sacerdote que, antes da sua
ordenação, fora soldado e servira sob o comando de Nuno. Quando passava, o
monge Nuno beijava o manto do sacerdote como sinal de respeito à sua dignidade.
Por sua vez, o sacerdote costumava dizer que uma das maiores honras da sua vida
fora servir como pajem do Condestável. Havia uma bela reciprocidade de respeito
entre o Condestável – agora monge – e o padre – antes pajem.
O espírito católico se alegra em
reconhecer a superioridade do outro. Naquela época, essa alegria se manifestava
em gestos e expressões de respeito e admiração mútuos, que acrescentavam grande
valor à vivência cristã.
Isto faz parte dos ensinamentos de
Jesus: Pois todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que
se humilhar será exaltado.
B – O Santo e o Rei
Durante o último ano da sua vida, Frei
Nuno de Santa Maria recebeu a visita do Rei D. João I, que o abraçou pela
última vez. O Rei chorou, pois considerava Frei Nuno seu amigo mais próximo,
aquele que o colocara no trono e fundara com ele a Casa Real de Bragança. Naquela
época, as pessoas não temiam a morte. Era comum um homem pressentir a
proximidade do fim. Se estivesse forte o suficiente, visitava os seus amigos e
parentes próximos para se despedir. Da mesma forma, as pessoas que o conheciam
eram aconselhadas a visitá-lo e dar-lhe um último adeus. Todos encaravam isso
naturalmente, pois as pessoas tinham fé. Aqueles que permaneceriam nesta vida
costumavam pedir favores ao moribundo: “Peço-te que me recomendes a Nossa
Senhora” ou “Quando vires a minha padroeira, por favor, lembra-lhe de que preciso
da sua ajuda.”
Era uma época de cortesia, e as
pessoas até morriam com polidez e elegância. Se alguém estava partindo deste
mundo, o gesto de cortesia era visitá-lo e se despedir. Expressava-se gratidão,
dava-se ou recebia-se algum bom conselho, demonstrava-se estima pela última
vez. Foi por isso que o Rei foi visitar D. Nuno. O rei queria demonstrar a sua
amizade ao Condestável Nuno Álvares Pereira. Ao vê-lo, o Rei chorou,
abraçaram-se e, em seguida, cada um seguiu o seu caminho. Nuno Álvares faleceu
e, no Céu, rezou pelo Rei, seu amigo.
Era um tempo de elegância e de cortesia.
Mas acima de tudo expressava fé, esperança e caridade.
Isto faz lembrar o diálogo com Jesus
no alto da Cruz: Lembra-te de mim quando entrares no teu reino.
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