terça-feira, 4 de novembro de 2025

Um espelho de virtudes


Memória de São Carlos Borromeu

Bispo, +1584

Vida e santidade de São Carlos

De origem de uma família rica e influente, diplomou-se em direito canónico com apenas vinte e um anos. Um ano depois, entusiasmado com a fé e com grande ardor missionário, ele fundou uma Academia para estudos religiosos. Esta academia teve total aprovação da Santa Sé.

Carlos Borromeu era sobrinho do Papa Pio IV e isso o estimulava a seguir adiante no caminho da fé e não nas glórias mundanas. Ele queria viver uma vida afastada, como monge. Porém, por causa da sua sabedoria e inteligência, com apenas vinte e quatro anos já era sacerdote e já tinha sido sagrado bispo de Milão. No cargo, ajudou a organizar a igreja e dedicou-se à evangelização.

São Carlos Borromeu sentia-se bastante atraído pela vida monástica e contemplativa. Por causa disso, pensou seriamente em renunciar a seu cargo à frente da arquidiocese. Porém, o seu amigo, São Bartolomeu dos Mártires, então arcebispo de Braga no Concílio de Trento, conseguiu dissuadi-lo dessa ideia. São Bartolomeu ajudou-o a perceber que, naquele século, repleto de maus exemplos dados pelo alto Clero, seria melhor que São Carlos Borromeu, um nobre, vindo de família milionária e sobrinho do Papa, desse um exemplo de vida pobre, humilde e santa como arcebispo. São Carlos Borromeu viu neste conselho a vontade de Deus e acatou, permanecendo arcebispo de Milão.

Seguindo os conselhos de Cristo e os do seu amigo São Frei Bartolomeu dos Mártires, São Carlos Borromeu foi utilizando todos os seus bens (e eram muitos!) na construção de hospitais, albergues para os pobres, casas de formação para os sacerdotes e religiosos. Além disso, teve atuação forte no Concílio de Trento, na formação de seminários e a formação do clero.

 

Obediência, humildade e penitência de São Carlos

Certa vez, a sua carruagem estava a caminho de um dos seus compromissos quando um frade simples, que caminhava pela estrada, aproximou-se. São Carlos Borromeu ordenou ao cocheiro que parasse o veículo. O frade o cumprimentou e disse:

- Vossa Eminência, como deve ser bom viver a vida de um cardeal, usar roupas tão esplêndidas e viajar numa carruagem magnífica! Certamente é muito mais agradável do que ser um simples frade como eu e andar a pé.

O Cardeal Borromeu gentilmente convidou o frade para acompanhá-lo. O frade sentou-se ao lado do Cardeal e a viagem recomeçou. Logo o frade começou a gritar de dor, pois as belas almofadas dos bancos estavam sobre uma tábua com pregos de ferro afiados, símbolo da penitência que o Cardeal normalmente usava para se mortificar. A dor se intensificava a cada movimento do veículo. O frade não suportava tal mortificação e implorou que a carruagem parasse para que ele pudesse descer. Aliviado, retomou a sua caminhada.

Ou seja, as sedas e os cristais da luxuosa carruagem eram, por obediência do cargo, para serem vistos pelo povo, glorificando a Deus e a dignidade do seu múnus. Sob a esplêndida aparência de um Cardeal, o Santo continuava a praticar penitência pelos seus pecados e pelos de seu rebanho.

 

Ver também:

Conquistar de joelhos

São Carlos Borromeu

 

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