Memória de São Carlos Borromeu
Bispo, +1584
Vida e santidade de São Carlos
De origem de uma família rica e influente, diplomou-se em direito canónico
com apenas vinte e um anos. Um ano depois, entusiasmado com a fé e com grande
ardor missionário, ele fundou uma Academia para estudos religiosos. Esta
academia teve total aprovação da Santa Sé.
Carlos Borromeu era sobrinho do Papa Pio IV e isso o estimulava a seguir
adiante no caminho da fé e não nas glórias mundanas. Ele queria viver uma vida
afastada, como monge. Porém, por causa da sua sabedoria e inteligência, com
apenas vinte e quatro anos já era sacerdote e já tinha sido sagrado bispo de
Milão. No cargo, ajudou a organizar a igreja e dedicou-se à evangelização.
São Carlos Borromeu sentia-se bastante atraído pela vida monástica e
contemplativa. Por causa disso, pensou seriamente em renunciar a seu cargo à
frente da arquidiocese. Porém, o seu amigo, São Bartolomeu dos
Mártires, então arcebispo de Braga no Concílio de Trento, conseguiu dissuadi-lo dessa ideia. São Bartolomeu ajudou-o a perceber que, naquele século, repleto de maus exemplos
dados pelo alto Clero, seria melhor que São Carlos Borromeu, um nobre, vindo de
família milionária e sobrinho do Papa, desse um exemplo de vida pobre, humilde
e santa como arcebispo. São Carlos Borromeu viu neste conselho a vontade de
Deus e acatou, permanecendo arcebispo de Milão.
Seguindo os conselhos de Cristo e os do seu amigo São Frei Bartolomeu dos Mártires, São
Carlos Borromeu foi utilizando todos os seus bens (e eram muitos!) na
construção de hospitais, albergues para os pobres, casas de formação para os
sacerdotes e religiosos. Além disso, teve atuação forte no Concílio de Trento,
na formação de seminários e a formação do clero.
Obediência, humildade e penitência de São Carlos
Certa vez, a sua carruagem estava a caminho de um dos seus compromissos quando um frade simples, que caminhava pela estrada,
aproximou-se. São Carlos Borromeu ordenou ao cocheiro que parasse o veículo. O
frade o cumprimentou e disse:
- Vossa Eminência, como deve ser bom viver a vida de
um cardeal, usar roupas tão esplêndidas e viajar numa carruagem magnífica!
Certamente é muito mais agradável do que ser um simples frade como eu e andar a
pé.
O Cardeal Borromeu gentilmente convidou o frade para
acompanhá-lo. O frade sentou-se ao lado do Cardeal e a viagem recomeçou. Logo o
frade começou a gritar de dor, pois as belas almofadas dos bancos estavam sobre
uma tábua com pregos de ferro afiados, símbolo da penitência que o Cardeal
normalmente usava para se mortificar. A dor se intensificava a cada movimento
do veículo. O frade não suportava tal mortificação e implorou que a carruagem
parasse para que ele pudesse descer. Aliviado, retomou a sua caminhada.
Ou seja, as sedas e os cristais da luxuosa carruagem
eram, por obediência do cargo, para serem vistos pelo povo, glorificando a Deus
e a dignidade do seu múnus. Sob a esplêndida aparência de um Cardeal, o Santo
continuava a praticar penitência pelos seus pecados e pelos de seu rebanho.
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