Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus
O Papa Francisco partilhou nestes dias que tem um
quadro no seu escritório que representa a Synkatabasis = a
descida de Cristo ao mundo.
- A Virgem está ali com as mãos como uma pequena
escada, e o Menino está a descer a escada. O Menino segura a Lei com uma mão e
agarra-se à mãe com a outra para não cair. Este é o papel da Virgem: levar o
Menino e deixá-lo. E é isso que ela faz na nossa vida. E é isso que ela faz nos
nossos corações.
De facto, ser mãe é precisamente ser escada para um
filho vir ao mundo. E depois disso, ao rezar pelo seu filho está a servir de
escada para que ele suba feliz até à glória de Deus.
À margem:
Alguém pode ficar escandalizado e chamar a minha atenção
para o autor destas duas obras que ilustram este poste. São do Padre jesuíta
Mark Rupnik que está afastado do seu ministério sacerdotal por acusação de
abusos sexuais e psicológicos. Acerca disso não posso pronunciar-me porque não
devo falar daquilo que não conheço.
Aproveito o ensejo para fazer uma reflexão mais transversal, humilde e sincera.
Às vezes um homem correto é um mau artista ou um homem
pecador é grande artista. Não se pode pensar ingenuamente que aqueles que
ergueram as formidáveis catedrais góticas eram homens de vida angelical, e que
por isso elas ficaram tão bonitas.
Penso naqueles que têm ou encomendaram obras a Rupnik.
Tenho a certeza que agora não sabem mais se o seu trabalho é bonito ou não, se
os ajuda a rezar ou não.
Nenhuma pessoa a quem mostramos um quadro e perguntamos
se acha bonito, dirá que não pode responder até saber quem o pintou. Alguém
sente alguma dúvida quando reza os salmos de David e Salomão?
É por isso que ao contemplar a obra de um grande, grande pecador, que fez grandes obras para a glória de Deus, louvo o Senhor que dá os seus dons a quem quer. Não fico espantado pelo facto do Papa ter um quadro de um pintor tão suspeito. É preciso olhar mais além. E se nem tudo é bom na vida desse pintor, não apaguemos aquilo, muito ou pouco, que é bom e belo na sua obra.
Nem tudo é trigo limpo na nossa vida. Há também joio ou ervas daninhas, na vida dos artistas, dos teólogos, dos escritores ou dos pregadores. Aliás, Jesus ensina-nos a condenar o pecado, mas não o pecador...
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