domingo, 6 de novembro de 2022

Creio no Deus dos vivos


Ano C - XXXII domingo comum

 

Identificamos novembro como o mês dos mortos.

A liturgia deste domingo quer corrigir esta nossa linguagem.

Só um pessimista é que divide a família humana entre vivos e mortos.

Quem é otimista, quem crê no Deus dos vivos, diz que a humanidade se divide entre aqueles que vivem na Terra e aqueles que já vivem no Além.

De facto, nós acreditamos não num Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos.

Se todos, mesmo os mortos, estão vivos, uns cá e outros no além, então o que é que os que estão já no paraíso fazem?

Conta-se que numa paróquia do Brasil havia um homem chamado João Chinês que todos os domingos participava na eucaristia. Todos o conheciam porque depois de ter sido convertido por um missionário na China, tinha migrado para as terras da Vera Cruz.

Um dia, alguém para o provocar, perguntou-lhe o que ele vinha fazer à igreja todos os domingos.

- Venho preparar-me para ir para o paraíso.

- Já que te preparas para o paraíso, então já sabes qual é a primeira coisa que vás fazer quando lá chegares?

- Sim. Quando chegar ao Céu a primeira coisa que farei é correr por aquelas ruas de ouro e de luz, procurar o trono de Deus, ajoelhar-me diante dele para lhe agradecer tudo o que ele fez por mim, todos os seus dons.

- E depois disso, o que vás fazer?

- Vou correr à procura da Virgem Maria para lhe agradecer toda a proteção que ela me deu nesta vida.

- E depois disso que farás?

- Vou procurar entre os que vivem no céu, o missionário que me deu a conhecer a Jesus e me batizou, para lhe agradecer.

- E depois?

- Vou procurar e agradecer a todos os catequistas que me ajudaram a chegar ao céu.

E depois?

- Vou procurar todas as pessoas que me ajudaram, que me fizeram bem, para lhes agradecer.

- E depois?

E o João Chinês tinha sempre mais alguma pessoa a procurar no céu para lhe agradecer.

Por último disse:

- Por fim vou ver se te encontro a ti por lá para te agradecer esta conversa que estamos a ter agora.

E conta-se que a partir desse dia aquele homem procurou então dar muitos motivos ao João Chinês para que lhe agradecesse um dia lá no paraíso.

 

De facto, o que é fazem no céu todos os que morreram e lá vivem?

- Glorificam a Deus e agradecem aos santos, aos anjos e aos seus benfeitores, familiares e amigos.

O Evangelho de hoje diz que “aqueles que foram dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento…" só agradecem!

 

E nós?

Ao chegarmos ao além o que vamos fazer?

Vamos glorificar a Deus e agradecer a quem?

E já agora, quando lá estiver, haverá alguém que me vai procurar para me agradecer alguma coisa? Haverá algum motivo para isso?

 

À margem:

Porque é que se diz o Deus de Abraão, o Deus de Israel e o Deus de Isaac? Não são três deuses, mas para dizer que cada patriarca conheceu Deus de uma maneira própria, específica, pessoal. As experiências de Deus de uns podem ajudar os outros, mas cada um deve ter o seu caminho, a sua vivência.

Todos somos diferentes, Deus é o mesmo, nas as nossas experiências dele devem ser diferentes. 

 

Ver também:

Todos vivem

No céu não há inimigos

 

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