quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Há 100 anos no cinema






















Em 1854 o Cardeal inglês Nicholas Wiseman, 1802-1865 (o primeiro arcebispo de Westminster e também o primeiro Cardeal residente da Inglaterra desde a Reforma) publicou um romance intitulado FABÍOLA. Nessa obra, também conhecida como A Igreja das Catacumbas, abordava as perseguições da igreja cristã primitiva e os seus mártires, na visão de uma jovem da aristocracia romana. 
O livro foi adaptado 3 vezes para as telas do cinema:
- Em 1918, na Itália, com direção de Enrico Guazzoni.
- Na França em 1949 com direção de Alessandro Blassetti.
- Em 1960 também na Itália com direção de Nunzio Malasomma, com o título de A Revolta dos Escravos.
No enredo original a história passa-se nos princípios do século IV, em Roma, durante as perseguições aos cristãos decretadas pelo Imperador Diocleciano.
A heroína do livro é Fabíola, uma bela jovem romana de família nobre. Ela é mimada por seu pai, Fábio, que não lhe nega nada. Fabíola parece ter de tudo, mas não está feliz. Um dia, num acesso de raiva, ataca e fere a filha de uma escrava, Syra, que secretamente seguia a religião cristã. A fútil menina romana fica sensibilizada com a humildade de Syra, que reage a esta situação com resignação e maturidade. Uma lenta transformação tem início na jovem, que culmina finalmente com a sua própria conversão ao cristianismo, conduzida por Syra…





















Aos 19 anos Leão Dehon, estudante de Direito em Paris, foi pela segunda vez passar os meses de verão à Inglaterra para aperfeiçoar o seu inglês.
Em julho de 1862 encontrou-se com o autor deste romance Fabíola. Eis o que, a propósito, deixou escrito nas Notas Sobre a História da Minha Vida, número I com o título - O CARDEAL WISEMAN:
“Alguns dias antes da saída de Londres, tive a boa sorte de passar uma tarde com o Cardeal Wiseman, o ilustre arcebispo de Westminster, o autor de Fabíola.
Pedi-lhe uma audiência com Palustre; respondeu-nos dizendo qual era o dia em que recebia. E lá fomos.
Fez-nos um amável acolhimento e convidou-nos a tomar chá.
Tinha voltado há pouco de Roma. Falou-nos com afeição de Pio IX e mostrou-nos uma medalha bem grande que o Papa lhe oferecera.
Encontrámo-lo vestido à inglesa, meio à civil. O seu rosto corado representava bem o tipo nacional. Falava facilmente francês.
Alguns padres e leigos tomaram parte nesta reunião simples e familiar.”





















Não sabemos se o Pe. Dehon chegou a ver o filme sobre este romance, rodado precisamente há 100 anos.
Ele pode não ter visto o filme, mas com certeza leu o livro, talvez até na língua original, e tomou chá com o seu autor.
E também sabemos que antes do romance ser adaptado ao cinema (1918) já o Pe. Dehon o tinha adaptado ao teatro (1875), como padre fundador e animador do Patronato dos jovens e pároco de São Quintino:
“No Patronato nós tínhamos 3 ou 4 festas por ano e outras excecionais…
Em maio de 1875, os nossos jovens representaram para a tomada de posse do cónego Mathieu, Fabius ou os mártires, drama tirada do romance Fabíola.
Eu tornava-me então ensaiador, sugeridor (ponto), maquinista. Isso exigia-me muito tempo e paciência. Representávamos as peças duas vezes, para os benfeitores e para os pais dos nossos jovens…Nós pedíamos aos benfeitores 1 franco de entrada para o teatro e fazíamos também um peditório. Houve soirées em que arrecadámos 300 ou 400 francos. Estas iniciativas edificavam-nos e aproximavam-nos da população…” (NHV, XI).

Conclusão:
O jovem Leão Dehon sabia cultivar-se muito bem e cultivar os outros também.


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