terça-feira, 11 de outubro de 2016

Che bello vescovetto

















11 de outubro de 1908, dia da sagração do Bispo Gabriel Grison, em Roma,
como Vigário Apostólico de Stanley Falls Congo Belga

Che bello vescovetto che abbiamo fatto!

Assim conclui o Pe. Dehon as páginas do seu diário sobre a sagraçãoepiscopal de D. Grison, o primeiro bispo dehoniano, com a expressão carinhosa do Papa Pio X: Que belo bispinho fizemos nós! (NQ 24) De facto D. Gabriel Grison era um homem pequeno (pouco mais de um metro e sessenta), mas um grande sacerdote e um enorme bispo.





















“Outubro 1908
- No dia 1 de outubro, partida para Roma. Atraso dos comboios. Dormida em Dijon.
- No dia 1 dormida em Génova. Estes hotéis têm frequentemente uma situação triste. O barulho faz com que seja quase impossível dormir lá.
No dia 3 chegada a Roma. Alegro-me com a nova Jerusalém, a cidade dos Papas, dos Apóstolos, mártires e santos. Roma fala à alma mais do que outra qualquer cidade do mundo. É a cidade santa. Ela tem mistérios e recordações do Presépio e de Belém em Santa Maria Maior. Em São João é o mistério eucarístico, é o Cenáculo com a mesa da Última Ceia e as ordenações. Em Santa Cruz é o Calvário. Em São Pedro é a glória, é a ressurreição, é o céu. A cúpula é bela como o céu. Os anjos vivem lá. Os santos estão lá glorificados nas suas relíquias e nas suas imagens.
- No dia 7 (4ª feira) bonita audiência do Papa com D. Grison. Pio X mostra-se bom como um pai. Ele fala sobre a missão, o seu progresso, as suas dificuldades, da administração belga, das Irmãs Missionárias a quem estima muito. Ele fala sobre o futuro da Bélgica, da união necessária, especialmente em Liége. Ele oferece a D. Grison uma bela cruz decorada com filigrana e pedras preciosas.
- No dia 11 é a bela festa da sagração de D. Grison na Capela de Santa Helena na casa das Irmãs Franciscanas Missionárias. O Cardeal Gotti faz a sagração, assistido por D. Gilbert e D. Virili. O arcebispo russo Symora está também presente, bem como o ministro da Bélgica, o príncipe Rospigliosi, etc. O eleito promete observar as virtudes cristãs, especialmente a humildade e a paciência. Promete ser clemente e misericordioso para com os pobres, estrangeiros e todos os que sofrem necessidade. O bispo é um juiz da fé: O bispo deve julgar, interpretar, consagrar, ordenar, servir, batizar e confirmar.
O prefácio é soberbo, recorda a consagração de Arão e os poderes do bispo.
A unção é comparada à de David. O báculo é o bastão do pastor.
O anel é um símbolo da força e um sinal de aliança com a Igreja de Deus.
A mitra é um capacete de defesa e de salvação. Os seus dois bicos indicam que ele deve tirar a sua força do Antigo e do Novo Testamento.
As luvas lembram as que valeram a bênção a Jacob. O simbolismo litúrgico está cheiro de poesia.
Após a cerimónia, o beberete.
 O jantar na casa do Cardeal com os bispos, o mestre de cerimónia e alguns prelados. O Cardeal recebe como o melhor do mundo. Ele edifica-nos com a sua piedade e a sua seriedade. Ele recita as orações antes e depois das refeições com a fórmula religiosa.
- No dia 13, jantar no Seminário francês. Recebemos D. Gilbert, o arcebispo de Olinda e mais vinte convidados. Amáveis brindes de D. Grison e do Padre Superior de Santa Clara.
- No dia 14 nova audiência. O Santo Padre é afável e paterno. Em bom latim, ele cumula o Monsenhor de  bênçãos. Ele diz-me esta expressão significativa: Che bello vescovetto che abbiamo fatto! – Que belo bispinho fizemos nós!”













A missão de Falls foi erigida em Prefeitura Apostólica a 3 de outubro de 1904 com o Pe. Grison como Prefeito e em Vicariato Apostólico em 10 de março de 1908. O Pe. Grison foi nomeado Vigário Apostólico sendo sagrado Bispo em Roma a 11 de outubro de 1908. Jubilou-se em 1933, permanecendo no Congo onde faleceu a 13 de fevereiro de 1942. Foi sepultado junto à gruta de Lourdes na Missão São Gabriel, por ele fundada. 















Ver também publicação neste Quintal do Vieira a 13 de outubro de 2008

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