segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Educação cristã e virtudes da infância (III)



               O respeito é irmão do afeto.
               Há também entre a religião e o respeito uma afinidade profunda. A religião dá à alma a impressão do respeito.
               Só DEUS de resto é a razão do respeito que se dedica aos homens e às coisas. É o profundo trabalho da educação religiosa que incute o respeito na alma da criança descobrindo-lhe, onde quer que se coloquem diante dela, estas representações e estas imagens de Deus as únicas capazes de governar os nossos respeitos.
               A educação católica mostra à criança, na hierarquia da Igreja, uma majestade que desce de DEUS e que se eleva até Ele por CRISTO. Ela mostra-lhe na família a dignidade paterna e a dignidade materna que são para elas representações da dignidade divina. Quando o pai e a mãe delegam num educador todos os seus direitos de ensinar e de educar um filho, transmitem-lhe ao mesmo tempo algo da sua dignidade, e se este educador pertence ao mesmo tempo à hierarquia da Igreja, tem aos olhos das crianças um duplo carácter de autoridade e como que um duplo reflexo da majestade divina.
               Assim, o catolicismo justifica o elogio que lhe foi feito pela sinceridade de um ilustre protestante: é a maior escola de respeito que há sobre a terra.
               Será preciso acrescentar que o respeito gera a obediência e com ela a confiança e a docilidade, e que leva assim às outras virtudes da infância, ao hábito do trabalho, à seriedade e à força de carácter?
               Estas nobres energias não se impõem acaso à vontade quando o espírito concebeu o respeito por DEUS, pelo dever e por si mesmo?
               Recorramos novamente ao testemunho do nosso livro de ouro e vejamos se o respeito e a coragem aparecem aí em destaque tal como a piedade e o afeto. Leio que um passou por altura da sua primeira comunhão por uma transformação maravilhosa: “Pôde-se deste então, diz-se, notar no comportamento desta criança um progresso sensível, o seu trabalho foi mais consciencioso, os seus esforços para dominar a sua natureza foram mais enérgicos, mais constantes, o seu esforço de agradar aos pais e professores mais perfeito e mais consistente”.
               Vejo que outro levava a sério a virtude. “No que se refere à grande coisa, escreve ele a seu irmão, está melhor. O céu seja bendito por ajudar os meus esforços e a minha boa vontade. Sinto-me mais forte contra a tentação e, quando me apercebo de alguma fraqueza, levanto-me de imediato. Que mais te direi? A nossa vida de colégio tem algo de monótono; nada de novo nisso. Mas não quero queixar-me, aprende-se a vencer-se, domina-se a sua vontade, exerce-se a virtude e o sacrifício; afinal, isto é o essencial, é tudo, e vale o mundo inteiro”.
               Outro começou os seus estudos num internato eclesiástico. Distinguiu-se pela exatidão no cumprimento de todos os seus deveres, pela sua aplicação, pela sua docilidade. Soube merecer o afeto dos mestres e dos colegas. Razões que não vale a pena explicar, levaram os pais a mudá-lo para um colégio de outro género. Aí teve de travar duras lutas para não trair a sua fé. Encontrou-se, apesar das boas intenções dos responsáveis, à mercê de uma multidão de colegas perversos e sem religião que inutilmente tentaram arrastá-lo. A esta guerra de sedução, sucedeu-se outra de mentira, de sarcasmos e de maus-tratos; nada o pôde vencer. Furiosos com a sua resistência, aqueles jovens ímpios tornaram-se carrascos; chegaram até à barbárie de submeter o seu virtuoso condiscípulo a uma espécie de crucifixão, fazendo-lhe com suas navalhas incisões nas mãos em forma de cruz. Ele sofreu esta cruel brutalidade com uma coragem heroica: sem mostrar ressentimento nem rancor, continuou a viver como cristão fervoroso e intrépido sob os seus olhares; o que os impressionou de tal maneira que muitos deles, encantados, não só pela firmeza do seu carácter, como também pela doçura e suavidade das suas maneiras, acabaram por colocar-se do seu lado considerando uma honra protegê-lo de novas perseguições.
               O contraste não prejudica a nossa demonstração. Estas imagens vivas de energia e de respeito não vos encantam? Não pensais que estas flores e estes frutos mostram bem o valor dos terrenos onde foram cultivados?



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