Ano B - XXXIII Domingo Comum
Faltam-nos duas semanas para
terminar o ano litúrgico, qual ciclo pedagógico que pretende ajudar-nos no
nosso crescimento espiritual, sobretudo com a meditação e a celebração do
mistério de Cristo. O mês de Novembro, em pleno clima de Outono, traz-nos as últimas
etapas desta caminhada, convocando todos os cristãos para uma meditação sobre o
fim dos tempos e o cumprimento da história da salvação. É bom pensar
serenamente no final para poder entender melhor o princípio e sobretudo para
saber viver o presente. Meditar nas realidades ultimas é sinal de valentia
espiritual.
As leituras deste domingo
convidam-nos a transcender o tempo para desvendar a eternidade, quando Jesus, o
filho do homem, voltará para encerrar a etapa temporal da História. Recordam
que o céu e a terra passarão e que tudo acabará, mas isso não será um fim mas
um recomeço.
O discípulo de Cristo não deve
angustiar-se por conhecer de antemão o futuro nem viver preocupado com
concepções milenaristas. O futuro está nas mãos de Deus tal como o começo de
tudo esteve nas Suas mãos. Por isso o cristão não está dependente de
curiosidades imaginárias para adivinhar o seu futuro e o fim do mundo, mas
viver no presente em atitude vigilante e cheia de esperança.
Para nós, verdadeiramente, não
nos importa saber ou não quando, ainda que, certamente, nos ajudará saber que o
fim do tempo, no plano de Deus, não será um desastre aniquilador, mas o
coroamento da sua obra criadora que então entrará na eternidade. A Parábola da
figueira é um convite à vigilância e à interpretação dos sinais dos tempos.
Quando dos seus ramos brotam rebentos novos, sabe-se que a primavera está
próxima, embora ainda não tenha começado. Os sinais dos tempos não anunciam o
fim do mundo, mas a proximidade para qualquer geração ou nova criação. A
história final do mundo ou de cada pessoa não é uma catástrofe, mas salvação. E
não poderia ser de outra forma, pois no começo da história humana, a criação
foi um grande gesto de amor.
Com serenidade e confiança
utilizemos o tempo que nos resta para observar a realidade em que vivemos, para
descobrir o que o Senhor nos diz em cada circunstância, e façamos de toda a
nossa vida uma preparação. Isto deveria ser a nossa vida de agora: um tempo de
preparação para saborear antecipadamente aquilo que nos está reservado para
quando nos encontrarmos com o Senhor. O tempo é apenas um ensaio ou estágio da
eternidade.
É por isso que a Liturgia das
horas assim reza:
“Troquemos o instante pelo eterno
Sigamos o caminho de Jesus
A Primavera vem depois do Inverno
A alegria virá depois da cruz.
Passa o tempo e com ele as nossas
vidas
Tal como passa o bem, passa a
desgraça
Passam todas as coisas conhecidas
Só o nome de Deus é que não
passa”.
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