sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Do seminário ao sacerdócio

A igreja celebra nestes dias a Semana dos Seminários.
Neste ano da fé o tema de reflexão e de oração para esta semana é:
Sacerdote – irmão na fé e servidor da fé dos irmãos.
Partilhamos um itinerário de reflexão e de motivação e apoio para cada dia da semana.
 
1º dia
Seminarista escreve-se com 3 ‘esses’
S de Santo – porque é um homem de Deus
S de Sábio – porque é um homem bem formado
S de Sorridente – porque é um homem feliz.
 
2º dia
A vocação dum filho ao sacerdócio
Um poeta português, António Sardinha, cantou a morte de seu filho pequenino numa série de sentidos sonetilhos a que pôs o título Era Uma Vez um Menino. Rememora neles os destinos gloriosos que sonhara para o seu primogénito; e procurando consolar-se cristãmente naquela perda irreparável, pondera que Deus reservou para o inocentinho destino mais glorioso ainda: - Escolheu-o para anjo!
Que todas as famílias tenham em grande estima a vocação dos filhos ao sacerdócio! Isso seria mais glorioso do que ser anjo, afinal o sacerdote não é senão o Embaixador de Cristo.
 
3º dia
Se a vocação for sincera a tudo resistirá
É um falso argumento. Imaginemos que um pai de família nos diz: mandei dormir o meu filho num quarto muito húmido; passado algum tempo começou a tossir um pouco, o que me inquietou. Consultei, porém um médico afamado, e ele tranquilizou-me dizendo: se seu filho tiver um peito robusto, não há nada a temer da humidade do quarto onde dorme; se foi definhando nesse aposento doentio, é porque a constituição física dele deixa muito a desejar. Continue a obrigá-lo a dormir ali; a humidade do local virá manifestar a qualidade da sua resistência.
Não é certo que tacharíamos de criminoso o proceder desse pai? Mas, se é criminoso proceder assim, tratando-se da vida corporal, porque não o há de ser igualmente quando se trata da vida das almas?
 
4º dia
O 1º padre surdo-mudo
Em 1930 ordenou-se o primeiro padre surdo-mudo de que há memória na história do mundo. Chama-se João Maria Lafonta. Nasceu numa aldeia perto de Bordéus na França. Além de Padre é religioso da Congregação dos Agostinhos da Assunção. Nasceu surdo-mudo. Cuidados aturados e processos especiais conseguiram que desde os 10 anos falasse e entendesse regularmente as palavras dos outros pelos movimentos labiais. De inteligência vivíssima, entrou nos estudos secundários, obtendo os melhores prémios dos cursos. Ia matricular-se numa Universidade, quando sentiu a voz de Deus para uma escola mais alta: A do sacrifício, da imolação exigida aos eleitos do Senhor. Entrou no noviciado dos agostinhos da Assunção, num convento perto da sua terra natal.
Era tudo? Ao lado desta vocação religiosa sentiu outra mais forte ainda: A do sacerdócio. Um surdo-mudo Padre!
Só a sua fé e força de vontade podiam admitir tal possibilidade. As leis canónicas proibiam-lho e nenhum exemplo anterior atenuava o rigor dessa regra. Não desanimou. No seu coração crescia com o amor de Deus, a ânsia de subir um dia, quanto antes, ao altar do sacrifício. Todas as dificuldades as venceu a oração, o exemplo admirável da sua piedade, constância e sede de Apostolado. O feliz beneficiado da extraordinária graça comenta-a nestas palavras:
- Ser Padre, sendo surdo-mudo, é milagre maior do que a cura da minha deficiência. Bem haja o Senhor por ela. (Mensageiro do Coração de Jesus, tomo LXVI, 1948, página 180)
 
5º dia
Sacerdote, Alter Cristus!
Vede a dignidade do sacerdote. Imaginai que um pecador, ao morrer, exclama:
- Salvem-me! Perdoem-me os pecados!
Se passasse um imperador, dever-se-ia confessar impotente.
Se passasse um anjo, a mesma resposta.
Se passasse um a Virgem Santíssima, ela própria não poderia diretamente perdoar o pecado.
Passa um neo-sacerdote, ordenado naquela mesma manhã. Ele tem esse poder espiritual porque é outro Jesus Cristo.
São Bernardo dizia:
- Sacerdote, a que grande dignidade Deus te elevou! Pôs-te acima dos reis e dos imperadores. Colocou-te mais alto que os anjos e os arcanjos.
A Imitação de Cristo descreve:
- Sublime mistério e grande dignidade a dos sacerdotes, a quem foi dado o que se não concedeu aos anjos.
São Francisco de Assis, que era diácono e não sacerdote ousou dizer:
- Supondo que encontrava um padre e um anjo, saudaria, primeiro, o padre.
(Mensageiro do Coração de Jesus, tomo LXVI, 1948, página 181)
 
 
6º dia
Grandeza do sacerdócio
Quem poderá imaginar a fecundidade da vida dum padre?
O padre é o catecismo às crianças.
O padre é o casamento abençoado, o pobre assistido, o defunto honrado.
O padre é o farol sobre o oceano do mundo; é a pequena estrela na noite de tantas almas.
Quanto ajunta a esta missão a gravidade terrível da hora presente!... Este ódio mundial, esta luta de classes, todas as potências do mal a rodar desaçaimadas.
Quando estamos tocados pela angústia ou pelo luto, quando a alma manchada precisa de se purificar, quem é o homem especialmente designado? O padre.
Vai-lhe pedir o conselho desinteressado.
No segredo do confessionário revela-se-lhe o grande segredo que, numa vida descobre o fundo do fundo!
Fazem-se-lhe confidências tão íntimas que não se diria semelhante coisa nem à mãe ou ao melhor aligo.
Mas porque escondê-los a Jesus Cristo? O padre faz as vezes de Jesus Cristo.
(Mensageiro do Coração de Jesus, tomo LXVI, 1948, página 482)
 
7º dia
Missão do Sacerdote
Tão ampla e espinhosa como excelsa e benéfica é a missão do sacerdote católico.
No altar faz as vezes de Cristo, verdadeiro oferente e vítima real do misterium fidei, serve de mediador entre o Céu e a Terra, prestando a Deus, no ato supremo do culto, homenagem de amor e adoração, ação de graças pelos benefícios recebidos, satisfação pelos pecados e impetração das graças celestes, em nome de todos os fiéis.
No púlpito pela palavra e através da vida pelo exemplo, é apóstolo, enviado de Deus aos homens para revelar-lhes os mistérios divinos e guiá-los pelo caminho da salvação eterna.
No confessionário é juiz para julgar com plena ciência potestatis, júris et facti as culpas e as disposições do penitente; médico para derramar, com mão amiga, o bálsamo salvador nas chagas do coração humano; pai para acolher a todos sem distinção, com caridade, paciência e doçura.
E em qualquer parte e sempre, ministro de Cristo, outro cristo.
Mas além de tudo isto, o sacerdote também é um educador de almas, um formador de consciências. “A educação não é uma profissão, escreve Charmot, é um ministério sagrado; é, em certo sentido, um sacerdócio; um apostolado por sua própria natureza. Assim, os padres são de pleno direito e antes de mais nada educadores da humanidade” (L’Ame de l’éducation, pag 30).
(A.G. Notas, in Lumen, vol X, Janeiro 1946, fasc 1, pag. 5-7)
 
 
8º dia
Regra de vida sacerdotal
No início da sua carreira sacerdotal Afonso Maria de Ligório traçou para si as seguintes regras de conduta:
1. Sou sacerdote. Supera a minha dignidade a dos anjos. É, pois, minha obrigação viver angelicamente puro.
2. Deus digna-se obedecer-me. Muito mais, portanto, sou eu quem deve obedecer à sua voz, às sias inspirações da graça, à vontade dos meus superiores.
3. A santa Igreja prestou-me a maior honra; por minha vez devo eu honrá-la pela santidade da minha vida, por meu trabalho, por um combate indefeso contra o erro e a impiedade.
4. Ofereço Jesus ao Pai Celeste. Tenho, por conseguinte, que me revestir das Suas virtudes a fim de tratar dignamente este mistério de todos o mais sublime.
5. O Senhor me constituiu ministro de reconciliação, medianeiro entre Deus e os homens. Logo, tenho que perseverar na amizade de Deus a fim de tornar fecundo o seu ministério.
6. Os fiéis consideram-me exemplo das virtudes que devem praticar; é, pois, dever meu edificá-los constantemente e portar-me digna, prudente e seriamente, mas sem grossaria ou altivez.
7. O padre deve triunfar sobre o inferno, o mundo e a carne; razão por que devo corresponder à graça a fim de alcançar a vitória neste tremendo combate.
8. Os pecadores esperam de mim a sua conversão. Logo, tenho de me esforçar nesse sentido pelas minhas orações, exemplos, palavras e obras.
9. Na qualidade de sacerdote é meu dever odiar o respeito humano, a amizade mundana, a ambição e o interesse próprio, pois que essas coisas deslustram o sacerdócio e levam bastantes padres à perdição.
10. Recolhimento, zelo ardoroso, oração meditativa, virtude sólida, têm que constituir a minha ocupação diária, se eu quiser agradar a Deus.
11. Não me é lícito procurar coisa alguma a não ser a glória de Deus, a santificação da minha alma, a salvação do meu próximo. Tenho que me empenhar nisso incessantemente, mesmo à custa da minha vida.
12. Finalmente: sou sacerdote, quer dizer: obriga-me um dever de estado a ornar de virtudes as almas e a glorificar a Jesus, Sacerdote Eterno.
 

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