quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Está vivo!

Entre nós, madeirenses, quando alguma coisa nos escapa das mãos costumamos exclamar:
- Está viva!
Talvez pelo facto de mexer, de movimentar ou de nos escapar, dizemos que alguma coisa está viva, que mexe, que nos escapa. Por exemplo, a água viva é a água que mexe, isto é, em movimento.
Quando uma colher ou um garfo se nos escapa das mãos, dizemos que está vivo, que não é uma coisa morta…
Tantas vezes usei esta mesma expressão ao longo da minha vida.
Hoje, foi a vez que a usei com maior propriedade.
Aconteceu assim:
Estava a distribuir a sagrada comunhão na missa num convento de freiras.
Uma irmã, das mais idosas, ao receber a hóstia consagrada nas mãos, atrapalhou-se um pouco de modo que a hóstia saltou e ela teve de agarrá-la pelo ar. Ao reparar naquela cena exclamei com toda a naturalidade:
- Está vivo!
Nunca a expressão foi aplicada com mais verdade: está vivo o Senhor que comungas!
As freiras todas ficaram vermelhas pela minha irreverência, mas eu senti-me feliz por aquela declaração de fé.
Expliquei-me e as irmãs sossegaram e agradeceram a lição irreverente de fé na Eucaristia.

Sem comentários: