Ano C – XXIX domingo comum
Naquele tempo Jesus apelou aos seus discípulos à necessidade de rezar sempre sem desanimar.
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Orando sem cessar, de mãos erguidas como Moisés |
Há alguns anos li um livro com o
título – Relatos de um peregrino russo ao seu pai espiritual – onde se
regista vários tratados dispersos transcritos de vários mosteiros, da teologia
da espiritualidade e da vida sacramental ortodoxa.
Nesse livro um peregrino faz, em 1782, a
descoberta da oração de Jesus quando um monge lhe ensina que a oração interior
e permanente de Jesus é a invocação ininterrupta do nome divino de Jesus
Cristo, com os lábios, com a cabeça e com o coração
A compreensão deste peregrino do versículo de Orai sem
cessar, 1 Ts 5, 17 é idêntica à compreensão de Lc 18, 1-8 – Orai sempre sem
desanimar do trecho do Evangelho deste domingo. É a escada de 7 degraus da
oração contínua até atingir o grau mais elevado, a oração do coração.
1º. Entrou numa igreja e ouviu a pregação – orar sem
cessar. Que fazer?
2º. Começou a ler a Bíblia.
3º. Onde encontrar alguém que explicasse tudo aquilo?
Andou pelas igrejas onde havia pregadores famosos com a esperança de
compreender mais e melhor.
4º. Tendo ouvido muito sermão e tendo ficado sem
compreender como orar sem cessar deixou de assistir aos sermões e decidiu com
a ajuda de Deus procurar um homem sábio e experiente e entendido que lhe
explicasse a oração sem cessar.
5º. Um monge ensinou-lhe: Senta-te em silêncio e
isolado, baixa a cabeça, fecha os olhos, respira silenciosamente, imagina-te a
olhar para dentro do teu coração e faz com que o teu raciocínio, isto é, o teu
pensamento passe da cabeça para o coração. Ao respirares diz: Senhor Jesus
Cristo, tende piedade de mim. Diz isso sem cessar, em voz baixa sem te
apressares, e faz sem falta essas três mil orações por dia. Deus ajudar-te-á
assim a alcançares a ação permanente do coração.
6º. Assim foi caminhando, não deixando de fazer a sua
oração permanente. Finalmente passado algum tempo, começou a sentir que a
oração, por si própria, passava para o coração, isto é, o coração no seu
próprio ritmo, lá no seu interior, começou a cadência - Senhor… Jesus… Cristo…
e assim por diante - Deixou de dizer a oração com os lábios e começou a escutar
com fervor o que dizia o coração. E como isso era agradável. Entretanto começou
a sentir uma ligeira dor no coração, mas no espírito um amor tão intenso por
Jesus Cristo, que se o visse, prostrar-se-ia a seus pés… Depois serenamente
irrompeu um calor agradável no meu coração que se espalhava por todo o peito.
7º. Passou cinco meses completamente com estas orações e
estas maravilhosas sensações. Habitou-se de tal modo à oração do coração que a
exercitava sem cessar, e acabou por ter a sensação de que ela brotava
espontaneamente na sua mente e no meu coração, não só no estado de vigília, mas
também quando dormia. A sua alma agradecia a Deus e o coração enchia-se de
alegria.
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