sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Padroeira da música sacra


Memória de Santa Cecília

Virgem e Mártir no tempo das catacumbas

Professar a fé com a música e com os gestos

Cecília, cristã de família nobre e rica, ia todos os dias à Missa, celebrada pelo Papa Urbano I, nas Catacumbas romanas da Via Ápia. Pela sua generosidade, ela era aguardada por uma multidão de pobres.

Na sua noite de núpcias, disse a Valeriano, seu esposo, que era consagrada a Deus. O seu marido, seguiu o seu exemplo e foi batizado pelo Papa Urbano I, convencendo o seu irmão Tibúrcio a professar também a mesma fé.

Os três foram condenados à morte. Cecília recebeu três golpes do algoz e a sua cabeça ficou pendente. Antes de morrer, aguardou a chegada do Papa, permanecendo assim três dias em agonia. Ao expirar, professou a sua fé em Deus, Uno e Trino, com os dedos da mão.

Santa Cecília foi declarada Padroeira da Música e dos Músicos devido ao relato da sua paixão: “Na hora de se casar com Valeriano, enquanto os órgãos tocavam, ela começou a cantar ao Senhor, em seu coração”.

 

A música dos salmos

O livro dos salmos, manual básico de canto, poesia e oração, composto entre VIII e II A.C. e codificado no templo de Jerusalém, continua a ser usado até hoje pela liturgia musical de judeus e cristãos, em hebraico (TM, séculos IV-II), grego (LXX, séculos II-I a.C.), latim (Vetus, Vulgata) e nas línguas modernas.

Os salmos podem ser considerados poesia musicalizada, mas também como música poetizada, de forma que letra e melodia são inseparáveis, conforme a escola coral poético-musical do Templo de Jerusalém).

Em hebraico são chamados de Tehilim, Louvores, para glorificar a Deus por tudo o que existe no mundo e na história os tradutores gregos os chamaram de Salmos (Psalmoi), textos para serem cantados com o acompanhamento de um saltério, uma cítara ou harpa de dez cordas.

O que começa a definir os salmos não é a letra, mas a música à qual ela é acrescentada. Não se junta a música à letra, mas a letra à música. Os salmos são mizmor, canções solenes acompanhadas de kinnor ou cítara (um violão, harpa). Mais do que uma declaração de ideias, os salmos são uma explosão de afeto ou de lamentação diante do mistério da vida. Entre eles também estão os /shirim, cantos exultantes de amor, que se diferenciam dos gritos dos animais pelo intenso sentimento de atração, comunicação ou dança, como aparece nas Canções (Shir ha shirim), que são salmos de amor apaixonado. Oração instrumental ou música de oração.

Os instrumentos básicos da música do templo e dos salmos foram e continuam a ser de cordas (tipo cítara/harpa), com os seus derivados modernos como o violino (entre os Ashkenazim do Oriente e um tipo rabel, de origem judaica e árabe em Espanha, com o pandeiro, os tambores e outros instrumentos de percussão Entre os instrumentos de sopro destacaram-se vários tipos de flautas, geralmente utilizadas pelos sacerdotes, nas celebrações processionais, com marchas e danças, conforme indicado nos dois salmos finais (Sl149-150).

Com a flauta, nos momentos mais solenes, tocava-se a trombeta, típica dos sacerdotes e de forma especial o grande chifre ou sofar de carneiro ou cabra, que também podia ser de bronze e que anunciava para assinalar a chegada de o sábado, as festas da lua nova (e da lua cheia), especialmente a celebração do ano sabático e/ou jubileu. O canto e a oração dos salmos passaram do oriente para a igreja do ocidente, especialmente na época dos carolíngios (séculos VIII-IX), dando assim origem à música denominada “Gregoriana”.

Uma novidade do Gregoriano é que ele é cantado a cappella (como música vocal, numa capela de especialistas musicais). Entendida desta forma, a música gregoriana dos salmos foi, e continua a ser, uma das maiores criações artísticas da história. A Reforma Protestante quis devolver os salmos ao povo, criando uma liturgia coral dos salmos que permanece viva até hoje.

A música de Bento XVI

O Papa Bento XVI, falando a propósito de Mozart, deu um testemunho cabal do que a música pode representar na celebração dos mistérios cristãos:

- Quando, nos dias festivos, se interpretava uma Missa de Mozart na nossa Igreja Paroquial de Traunstein, eu, um simples rapaz do mundo rural, sentia que o Céu se abria à nossa volta. Nuvens de incenso elevavam-se em frente ao presbitério, nas quais o Céu se refletia; sobre o altar realizava-se um ato sagrado, o qual - bem o sabíamos - permitia para nós a abertura do Céu. Do coro ressoava uma música que só podia provir do Céu, uma música na qual se revelava o júbilo dos anjos pela beleza de Deus. Havia algo desta beleza no meio de nós. Tenho de confessar que sempre senti tudo isto ao escutar a música de Mozart.

Noutra ocasião o mesmo papa disse:

- O órgão, desde sempre e com razão, foi considerado o rei dos instrumentos musicais, porque abrange todos os sons da criação e dá ressonância à plenitude dos sentimentos humanos. Para mais, transcendendo, como toda a música de qualidade, a esfera simplesmente humana, transporta para o divino. A grande variedade dos timbres do órgão, do piano até ao fortíssimo arrebatado, faz dele um instrumento superior a todos. Ele tem a capacidade de dar ressonância a todos os âmbitos da existência humana. As múltiplas possibilidades do órgão recordam-nos de certa maneira a imensidão e magnificência de Deus. (13/09/2006)

 

Perguntas e respostas:

- Podemos ouvir música gregoriana num barzinho?

- Claro que sim.

- E podemos ouvir música de um barzinho numa igreja?

- Sim, mas como o objetivo da música é diferente, torna-se um desperdício para não dizer inutilidade.

 

- A música tem cor?

- Claro que sim.

- Então qual é a cor da música?

- A cor da música é a cor da alma.

 

Ver também

Florescer e frutificar

Cantar, louvar e adorar

Missa cantada

Cantar para Deus

Santa Cecília

 

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