terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Vou, não vou


3ª feira – III semana do advento

Um dia o Papa enviou o Pe. Filipe de Néri a um certo mosteiro para verificar a seriedade das experiências místicas de uma suposta santa monja.

O padre chegou ao seu destino, com as botas sujas e a capa toda molhada. 

A humilde porteira, a quem toda a gente desprezava por falta de dotes académicos e espirituais, pegou na capa e no chapéu encharcados do visitante.

O padre foi levado ao parlatório onde se encontrava a suposta santa.

Sentou-se e começou por apresentar-se:

- Sou o Pe. Filipe. O Santo Padre pediu-me que viesse aqui para ouvi-la em seu nome.

Enquanto dizia isto tirou as botas cheias de lama e disse para a freira:

- Minha filha, vai limpar primeiro estas botas…

- O quê? Que humilhação. O reverendo não tem consideração a uma alma santa e devota. Isso não se faz a ninguém…

E o Pe. Filipe Néri concluiu serenamente:

- Já cumpri o objetivo da minha visita. Não preciso de ver ou ouvir mais nada.

E calçando de novo as botas sujas foi para a porta de saída, onde a porteira lhe apresentou o chapéu e a capa que atenciosamente tinha feito limpar e secar. E não o deixou sair sem ter limpo primeiro as suas botas dizendo que as botas sujas não condiziam com a capa limpa.

 

A filha que dizia sim a Deus, afinal não era humilde e não fez a vontade divina.

A filha que todos consideravam longe da presença de Deus, afinal fez a vontade divina, mesmo sem se ter comprometido a tal.

 

E Jesus disse-lhes:

- Os publicanos e as mulheres de má vida irão antes dos que se creem justos para o reino de Deus.

 

De facto, estas duas irmãs somos nós:

- Nós pecadores que dizemos não, mas reconhecemos ter muita coisa a corrigir, pois o mais importante é ser.

- Nós pecadores que dizemos sim, mas julgamo-nos melhores que os outros e nada mais fazemos, pois, o mais importante é parecer.

O segredo está na humildade e não na aparência. Só assim nos aproximaremos de Deus.

 

Ver também:

Pedir ajuda

Entrar no reino

Palavras e atos

Oh feliz culpa

Filho, vem hoje visitar-me

 

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