3ª
feira – III semana do advento
Um dia o Papa enviou o Pe. Filipe de Néri a um certo mosteiro para verificar a seriedade das experiências místicas de uma suposta santa monja.
O
padre chegou ao seu destino, com as botas sujas e a capa toda molhada.
A
humilde porteira, a quem toda a gente desprezava por falta de dotes académicos
e espirituais, pegou na capa e no chapéu encharcados do visitante.
O
padre foi levado ao parlatório onde se encontrava a suposta santa.
Sentou-se
e começou por apresentar-se:
-
Sou o Pe. Filipe. O Santo Padre pediu-me que viesse aqui para ouvi-la em seu
nome.
Enquanto
dizia isto tirou as botas cheias de lama e disse para a freira:
-
Minha filha, vai limpar primeiro estas botas…
-
O quê? Que humilhação. O reverendo não tem consideração a uma alma santa e
devota. Isso não se faz a ninguém…
E
o Pe. Filipe Néri concluiu serenamente:
-
Já cumpri o objetivo da minha visita. Não preciso de ver ou ouvir mais nada.
E
calçando de novo as botas sujas foi para a porta de saída, onde a porteira lhe
apresentou o chapéu e a capa que atenciosamente tinha feito limpar e secar. E
não o deixou sair sem ter limpo primeiro as suas botas dizendo que as botas
sujas não condiziam com a capa limpa.
A
filha que dizia sim a Deus, afinal não era humilde e não fez a vontade
divina.
A
filha que todos consideravam longe da presença de Deus, afinal fez a vontade
divina, mesmo sem se ter comprometido a tal.
E
Jesus disse-lhes:
-
Os publicanos e as mulheres de má vida irão antes dos que se creem justos para
o reino de Deus.
De
facto, estas duas irmãs somos nós:
-
Nós pecadores que dizemos não, mas reconhecemos ter muita coisa a corrigir,
pois o mais importante é ser.
-
Nós pecadores que dizemos sim, mas julgamo-nos melhores que os outros e nada mais
fazemos, pois, o mais importante é parecer.
O
segredo está na humildade e não na aparência. Só assim nos aproximaremos de Deus.
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