Novena
de Advento – 17 de dezembro
A caminho de Belém
Segundo
a tradição foi neste dia 17 de dezembro que José e Maria saíram de Nazaré para
viajar até Belém antes do Natal de Jesus.
A
viagem durou 9 dias, evocando os 9 meses de gestação, pernoitando sucessivamente
em lugares diferentes.
O
percurso completo, de norte a sul, foi de 145 quilómetros – 135 de Nazaré a
Jerusalém e mais 10 quilómetros de Jerusalém a Belém.
1º
dia – Preparação e início da viagem – 17 de dezembro
Preparar-se
para uma viagem já faz parte da própria viagem. Maria sentiu saudades ao deixar
Nazaré. Aí conhecera José, aí conhecera os desígnios de Deus. A partir daí
seria conhecida por todas as gerações como Maria de Nazaré, esposa de José, o carpinteiro
e pai de Jesus o Nazareno. Mas tinha de partir para cumprir as determinações do
imperador para o recenseamento e os desígnios de Deus desde toda a eternidade.
E
isto deu-lhes ânimo, a ela e a José, para começarem um longo caminho, porque
sabiam que não viajavam sozinhos.
Ó
Sabedoria do Altíssimo,
que
tudo governais com firmeza e suavidade:
vinde
ensinar-nos o caminho da salvação.
2º
dia – Até ao Monte Tabor – 18 de dezembro
Ao
contornar o Monte Tabor, o seio de Maria estremeceu. Não foi pelo facto de
estar apenas a adaptar-se à longa estrada, mas por contemplar o cimo do monte.
Lá o seu Filho iria iniciar uma outra caminhada até Jerusalém para, passando pelas
dores, renascer.
E
isto deu-lhe ânimo para aguentar as dificuldades da caminhada, porque
experimentava o que mais tarde o seu filho haveria de experimentar sozinho.
Ó
Chefe da casa de Israel,
que
no Sinai destes a Lei de Moisés:
vinde
resgatar-nos com o poder do vosso braço.
3º
dia – Do Tabor à cidade de Naim – 19 de dezembro
Ao
pernoitar em Naim conheceram uma jovem mulher que acabara de perder o seu
marido e estava também prestes a dar à luz o seu filho. A partir desse momento
Maria, identificando-se com aquela mulher, nunca deixaria de rezar para que
Deus tivesse sempre compaixão dela e da sua criança. Os dois filhos voltariam a
encontrar-se novamente…
E
isto renovou as forças de Maria para prosseguir com as dores da maternidade
sabendo que Deus está sempre ao lado de quem sofre.
Ó
Rebento da raiz de Jessé,
sinal
erguido diante dos povos:
vinde
libertar-nos, não tardeis mais.
4º
dia – De Naim aos campos da Samaria – 20 dezembro
Ao
atravessar os campos da Samaria, Maria pressentiu que o seu filho havia de
percorrê-los anunciando a salvação de Deus e que seria desprezado e perseguido.
Ao passar por entre os extensos pomares, adivinhava que também atirariam pedras
ao seu Filho, como atiravam às árvores que tinham melhor fruto.
E
isto fez com que Maria resistisse aos obstáculos da estrada e sentisse desde
então o antegozo e a alegria de ver nascer o seu Bendito fruto.
Ó
Chave da casa de David,
que
abris e ninguém pode fechar,
fechais
e ninguém pode abrir:
vinde
libertar os que vivem no cativeiro das trevas
e
nas sombras da morte.
5º
dia – Até o poço de Siquém – 21 de dezembro
Aí
pôde saciar a sede e refrescar a sua esperança, tal como mais tarde uma mulher
samaritana haveria de pedir e receber água viva. Maria descansou na berma do
poço como mais tarde o seu Filho havia de descansar e prometer alívio a todos
os que se afadigassem, porque o seu jugo seria suave e a sua carga leve.
E
isto fez com que Maria se alegrasse pelas maravilhas que Deus continuaria a
fazer. E não lhe faltaram forças para continuar em frente sem se queixar ou
lamentar.
Ó
Sol nascente, esplendor da luz eterna e sol de justiça:
vinde
iluminar os que vivem nas trevas e na sombra da morte.
6º
dia – Até à cidade de Necma (hoje Nablus) – 22 de dezembro
Foi
uma jornada através do deserto e descampado onde os perigos espreitavam. Maria
pressentia que o seu filho seria conduzido ao deserto e ser tentado a desistir
do plano de Deus. Pressentia também que aquela estrada o inspiraria à compaixão
e à bondade de um bom samaritano para usar de misericórdia para com o seu
próximo.
E
estes pensamentos encheram de coragem e ternura o coração de Maria e assim
continuou a sua subida para Jerusalém a caminho de Belém.
Ó
Rei das nações e Pedra angular da Igreja:
vinde
salvar o homem que formastes do pó da terra.
7º
dia – Até onde mais tarde voltariam para Jerusalém à procura do Menino depois
de um dia de viagem – 23 de dezembro
Aqui
Maria sentiu como que uma espada a trespassar o seu coração. Só o coração de
mãe pode saber o que é a angústia de perder o seu Filho. A partir daquele lugar
subirá para Jerusalém sempre com o mesmo objetivo: procurar o único bem, Aquele
e só Aquele que vale a pena encontrar.
E
isto deu-lhe alento para não olhar para trás, mas olhar sempre em frente,
porque para a frente é que é o caminho.
Ó
Emanuel, nosso rei e legislador,
esperança
das nações e salvado do mundo:
vinde
salvar-nos, Senhor nosso Deus.
8º
dia – Até Jerusalém – 24 de dezembro
Foi
a etapa mais dolorosa esta subida para alcançar Jerusalém. Apesar disso, Maria,
com o seu filho a bater o ritmo no seu seio, cantava o salmo: Que alegria
quando me disseram vamos para a casa do Senhor… Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas Jerusalém. Quantas vezes teriam a felicidade de subir juntos
a Jerusalém! Sentiu um misto de dor e de alegria. Dor por antever ali a paixão
e morte do seu Filho e alegria por partilhar a sua glória e ressurreição.
Estas
premeditações entusiasmaram ainda mais a alma de Maria de modo que nem sentia o
incómodo e a dureza da viagem nem o aproximar-se da hora de dar à luz,
glorificando a Deus por tudo o que sofria.
Hoje
sabereis que o Senhor vem salvar-nos.
Amanhã
vereis a sua glória.
9º
dia – Até Belém onde chegaram ao início do dia 25 que começa com o pôr do sol –
25 de dezembro
Quantas
vezes Maria e José fizeram esta estrada para o sul de Jerusalém, para visitar familiares,
regressando às suas origens. Desta vez Maria não pensava tanto no passado, mas
sobretudo no futuro, no Filho que estava prestes a nascer. Desta vez viu muitas
portas a fechar-se, algumas desculpas, muitas recusas na cidade de David que
até então lhes era tão familiar e acolhedora. Maria não quis afligir-se para
não perturbar o coração do seu Filho. Ela encontraria um lugar para se encostar
e dar à luz. O pior é que mais tarde o seu Filho não encontraria nem uma pedra
onde reclinar a cabeça.
E
isto foi o suficiente para esquecer as dores da maternidade e sentir a alegria
de dar à luz o Filho a quem pôs o nome de Jesus.
Quando
o sol aparecer no horizonte,
vereis
o Rei dos reis, que procede do Pai,
como
esposo que sai do seu tálamo.
Nota
final
Parece
que a viagem tinha chegado ao fim, mas não. Até ali tinha sido Maria a levar
Jesus, mas a partir de então será ela a acompanhar o seu Filho por onde quer
que Ele vá. Novas viagens surgiram: do céu vieram Anjos, da vizinhança acorreram
pastores, do oriente chegaram reis…
E
como sempre todas estas viagens nos dizem respeito…
A
exemplo de Maria
façamos
da nossa vida uma viagem
e
do nosso caminho
verdade
e vida.
Sem comentários:
Enviar um comentário