quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

250 anos de Beethoven


Ludwig van Beethoven nasceu a 17 dezembro de 1770 (há 250 anos)

O Hino Europeu, adotado pelo Conselho da Europa em 1972, é um extrato do prelúdio do “Hino à Alegria” da 9ª Sinfonia de Beethoven concluída em 1824. O hino europeu, que não tem letra, utiliza a linguagem universal da música para exaltar os ideais da liberdade, paz, solidariedade e alegria. Este hino não se destina a substituir os hinos nacionais dos países da União Europeia, mas antes a celebrar os valores que estes partilham.

Na 9ª sinfonia a letra do Hino da Alegria é o poema de Friedrich Schiller escrito em 1785 com o título Ode à Alegria:

“Da alegria bebem todos os seres

No seio da natureza.

Todos os bons, todos os maus,

Seguem o seu rasto de rosas.

Dá força para viver os mais humildes

E ao querubim que se ergue perante Deus.”

 

Outras curiosidades de Beethoven:

 

1 – Quando criou a 9ª Sinfonia, entre 1822 e 1824, Beethoven já estava surdo, mas foi ele quem dirigiu a orquestra na sua estreia, a 7 de maio de 1824, quando tinha 53 anos.

 

2 – O suicídio foi um pensamento recorrente em Beethoven. O que o fez resistir a essa tentação foi a arte, conforme o mesmo confessava: “Foi a arte, e apenas ela, que me deteve. Parecia-me impossível deixar o mundo antes de ter dado tudo o que ainda germinava em mim…”

Não conseguiu vencer à doença morrendo, completamente surdo, a 26 de março de 1827.

 

3 – Desde jovem apresentava-se mal, desalinhado e descuidado. E dizia: Quando eu for um génio ninguém reparará na minha falta de cuidado.

 

4 – Aos 17 anos Beethoven encontrou-se com Mozart que tinha 31 anos. Mozart pediu ao jovem que tocasse algo no piano, mas não se fixou muito porque pensou que como qualquer outro candidato, vinha com uma improvisação bem preparada e aprendida de memória. Então Beethoven pediu-lhe que lhe desse algum tema para improvisar ali mesmo. Começou então a sua improvisação e Mozart ficou deveras surpreendido, mas nunca mais voltaram a encontrar-se.

 

5 – Beethoven nunca teve muito dinheiro. Uma vez em que não tinha como pagar o aluguer da casa, fechou-se no quarto, escreveu à pressa um tema com variações e deu a um amigo para que o vendesse e trouxesse o dinheiro para pagar a renda. Em vez de vender o amigo deu ao caseiro que no princípio não queria, mas depois aceitou. No dia seguinte mandou dizer ao compositor que podia pagar cada mês com papéis como aqueles. Para evitar queixas, Beethoven mudava constantemente de casa em Viena, sempre acarretando todos os seus móveis e três pianos. Foi então para Heiligenstat e ali manteve-se por bastante tempo. Estava perto da igreja e foi ali que tomou consciência de que cada vez ouvia menos o repicar dos sinos da torre da igreja. Estava a ficar surdo.

 

6 – O que mais incomodava a Beethoven não era ser surdo, isto é, não ouvir nada do exterior, mas sim o barulho infernal que ouvia dentro da sua cabeça.

 

7 – Sempre teve problemas com as empregadas e não foram apenas por questões culinárias. Quando estava a compor a Missa Solene e tinha terminado já o Kyrie, quis corrigir algumas passagens como sempre costumava fazer, mas não encontrava a partitura em nenhum sítio. Estava desesperado pensando que tinha perdido a música, quando a encontrou, por acaso, na cozinha, envolvendo cuidadosamente metade de um queijo. Ainda faltavam outros papéis. Estavam a forrar as estantes do armário. Conclusão: cozinheira despedida.

 

8 – O pescado que comia vinha do rio que estava contaminado com o chumbo que as fábricas para lá despejavam. Uma análise recente de um cabelo de Beethoven confirmou que ele foi pouco a pouco envenenado pelo chumbo que por fim o matou. Pagou bem caro pelo seu prato preferido. E assim, por causa do chumbo perdemos uma décima sinfonia.

 

9 – Na Madeira nós dizemos ter a fruta preferida de Beethoven. Sabem qual é? É anona, à qual ele até compôs uma sinfonia – Anona sinfonia de Beethoven.

 

10 – Sabem porque é que Deus permitiu que Beethoven ficasse surdo, Homero nascesse cego e Moisés fosse gago? Foi para nos ensinar como vencer obstáculos.

 

Para recordar:

A discussão sobre a despenalização do aborto, ou, por palavras mais disfarçadas, da interrupção voluntária da gravidez reacendeu-se. E por ironia do destino nestas vésperas do Natal, quando todos entoam unânimes loas à vida e ao amor gratuito. A este propósito não consigo esquecer uma aula de moral na faculdade de teologia. O professor, para provocar a discussão académica, propôs-nos a seguinte catividade: “Que conselho darias? Baseado nas circunstâncias abaixo enumeradas, que aconselharias a uma mãe, grávida do quinto filho? O seu marido sofre de sífilis e ela de tuberculose. O Primeiro filho deste casal nasceu cego, o segundo morreu logo ao nascer. O terceiro filho é surdo de nascença e o quarto é tuberculoso. Grávida pela quinta vez, a senhora está a pensar seriamente em abortar. Que solução sugeres? Sim ou não a esta interrupção da gravidez.”

Toda a turma começava a tomar posição e a procurar argumentos. Alguns mostravam-se reservados, dizendo não concordar com o aborto, mas neste caso não havia solução. Outros achavam que era um gesto de caridade privar o bebé de uma vida que se adivinhava deficiente. Havia quem realçava a falta de condições dos pais para pôr uma nova criança no mundo, não podendo assegurar-lhe um futuro digno. Por fim o professor propôs uma votação:

- Quem é a favor do aborto neste caso, que levante o braço.

A maior parte dos presentes pronunciou-se afirmativamente. Então o professor, com um ar grave, concluiu:

- Os que disseram sim à ideia do aborto, saibam que acabaram de matar o grande compositor Ludwig van Beethoven. Disseram adeus a um génio, silenciaram as suas sinfonias, calaram a ode da alegria...

Um silêncio ressentido permaneceu por breves momentos naquela aula.

Grandes projetos, excelentes ideias, obras geniais são às vezes abortados quando as pessoas envolvidas se veem diante de situações difíceis. Tudo leva tempo e exige perseverança, tenacidade, entusiasmo e muita fé.

Que o mistério do Natal seja a nossa resposta à questão do aborto: ninguém se deixe levar pelas circunstâncias. É preciso crer na vida!

(Este texto foi publicado por David Quintal no semanário Areópago, a 20 de dezembro de 2003 no Funchal, na sua coluna semanal intitulada Sem Títulos)

 

Para cantar:


Canção da alegria - Música da 9ª sinfonia de Beethoven

 

Escuta, irmão, esta canção de alegria

o canto alegre de quem espera um novo dia

 

         Vem, canta, sonha cantando,

         vive sonhando um novo sol,

         em que os homens voltarão

         a ser irmãos.

 

Se em teu caminho só existe tristeza

O canto amargo duma solidão completa.

 

Com Cristo cada um de nós terá valor

Para difundir em cada irmão o amor.

 

Tanta alegria, em nossos corações em festa

É chama que ao mundo a verdade manifesta.

 

Serás no mundo mensageiro de amor

Levando aos homens o Evangelho do Senhor.

 

Se tens de Deus a paz, que enche o coração

hás-de levá-la a cada homem, teu irmão.

 

 

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