Por coincidência, no Ano
Jubilar da Misericórdia, fui nomeado pároco de uma igreja que tem como Titular
Nossa Senhora da Misericórdia.
Porquê este título?
Diz a história que a 22 de
junho de 1690 foi emanado um alvará do Bispo dos Açores, Frei Clemente Vieira
para a construção de uma capela junto a um albergue para romeiros no sítio do
Cabouco, em São Miguel. Daí a invocação de Nossa Senhora da Misericórdia, pois
acolher os peregrinos é uma das 7 obras corporais de misericórdia.
A primeira missa na ermida com
essa invocação foi celebrada a 22 de abril de 1961. Em 1859 concluiu-se a construção
do atual templo que foi sendo alvo de melhoramentos ao longo dos anos. Em 1985
foi elevada a Paróquia, deixando de ser curato sufragâneo da Paróquia de Nossa
Senhora do Rosário, na Lagoa.
Assim reza a história.
Primeiro exerceu-se as obras de misericórdia… e depois quis-se invocar aquela
que é chamada Mãe de Misericórdia.
Dos sermões do Pe. António
Vieira:
A virgem Maria é mãe de
misericórdia.
O objeto da misericórdia é a
miséria.
Logo para a parte da miséria,
e dos que a padecem, há-de propender a Mãe da misericórdia.
A mãe de Deus se chama mãe de
misericórdia porque é propriedade particular que a senhora tomou para si
favorecer os miseráveis.
A figura que parece mais
própria desta misericórdia da Virgem Maria, é a que pintou o poeta Estácio na
descrição do templo que os Atenienses dedicaram à mesma misericórdia.
E que diz Estácio?
Diz, que naquele templo pôs
seu assento a Clemência, e que os miseráveis são os que lho consagraram.
Diz mais, que de dia e de
noite tem as portas abertas e que as queixas e petições de todos os que a ele
concorrem são ouvidas.
Diz ainda, que não se veem ali
fumos de incenso nem sangue de vítimas, porque os sacrifícios que se oferecem
são somente lágrimas e gemidos.
Finalmente
conclui que o templo da Misericórdia está sempre cheio de pobres e miseráveis,
todos tremendo: e que só os felizes e bem-aventurados não conhecem aqueles
altares.
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