quarta-feira, 19 de junho de 2013

Orar em segredo

4ª Feira - XI Semana Comum

Quando orares, fecha a porta e reza a teu Pai em segredo

Quando orares, fecha a tua boca e reza a teu Pai no íntimo do teu coração, sem palavras,
mas com todo o sentimento
E os homens não te verão, nem te ouvirão a rezar, mas só Deus
te escutará e te abençoará.
É esta a diferença entre a oração vocal e mental;

vocal nas orações que reza: mental nos mistérios que medita.
Enquanto rezamos falamos com Deus: enquanto meditamos fala Deus connosco.
O nosso rezar são vozes, o nosso meditar é silêncio; mas neste silêncio ouvimos
melhor do que somos ouvidos nas vozes, porque nas vozes ouve-nos Deus a nós, no silêncio
ouvimos nós a Deus.
A vocal é o exterior da oração, a mental o interior;

a vocal é a parte sensível, a mental a que não se sente;
a vocal é um corpo formado no ar, a mental o espírito que a informa e lhe dá vida.
A vocal recita preces, a mental contempla mistérios;
a vocal fala, a mental medita;
a vocal lê, a mental imprime;
a vocal pede, a mental convence.
A vocal pode ser forçada, a mental sempre é voluntária;
a vocal pode não sair do coração, a mental entra nele e o penetra, e, se é duro, o abranda.
A vocal exercita a memória, a mental discorre com o entendimento e move a vontade,
a vocal caminha pela estrada aberta, a mental cava no campo, e não só cultiva a terra, mas descobre tesouros.
Quando orares, não sejas como os hipócritas, pois rezam e não meditam, e o rezar sem
meditar, não é orar, é falar: em vez de ser oração é verbosidade.

O que se reza sem meditação, sai da boca; o que primeiro se medita, sai do coração.
Por isso, quando orares, fecha a boca e abre o coração….

(Cf. Pe. António Vieira, Sermão da Rosa Mística, 1688)

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