quinta-feira, 21 de março de 2013

Via Sacra (13)


A via-sacra dos sinais de trânsito
ou os sinais do trânsito da Via-sacra
1ª Estação - Jesus é condenado à morte
Sentido obrigatório












Jesus ao ser condenado à morte seguiu o caminho do Calvário como sentido obrigatório.
Também na nossa vida temos tantas setas que nos indicam o caminho que devemos seguir.
Uma vez perguntaram a Santa Teresinha do Menino Jesus, que estava muito doente, se tinha passado melhor a noite ou se tinha sofrido muito. Ela simplesmente respondeu:
- Sim, sofri muito porque quis…
A Madre mostrou-se surpreendida: Como é que sofreu porque quis?
- Sim porque eu quero tudo o que Deus quer.
Assim também saibamos através da nossa vontade seguir o nosso caminho do Calvário, querendo o que Deus quer e deixando-nos orientar por esse sentido obrigatório.


2ª Estação - Jesus carrega com a cruz
Cruzamento











Podemos contemplar Jesus a carregar com a sua cruz pelo caminho do Calvário. Nós podemos encontrá-l'O hoje nas encruzilhadas da nossa vida com a mesma cruz e sempre com a mesma determinação.
Às vezes as encruzilhadas da nossa vida são para nós autênticas cruzes. Saibamos passar por elas com a determinação, coragem e amor do Senhor Jesus.
Que saibamos discernir qual o caminho que o Senhor nos indica e prosseguir mais além, pois mais cedo ou mais tarde nos cruzaremos com o Senhor Jesus nos caminhos da nossa vida.


3ª Estação - Jesus cai pela 1ª vez
Proibido Parar ou Estacionar













No Caminho do Calvário Jesus avançou por entre a azáfama da multidão e o desprezo dos opressores. Jesus caiu na calçada, mas era proibido parar ou estacionar. Ele teve de levantar-se e avançar, mesmo com as forças a esgotarem-se.
Também na nossa vida, apesar das dificuldades e da escassez de condições, devemos avançar sempre. Não podemos parar, cruzar os braços ou desistir.
Que o Senhor Jesus nos ensine a persistir na nossa caminhada para que possamos alcançar a meta que nos está destinada.

4ª Estação - Jesus encontra a sua mãe
Pista para Peões












Maria de Nazaré nunca perdeu de vista o seu filho Jesus. Quer nos momentos de alegria e de festa, quer nos momentos de desterro, de amargura e dor, esta estava sempre junto de Jesus. Silenciosa guardava tudo e todos no seu coração. Ela caminha lado a lado com Jesus.
Acompanhando o seu Filho no caminho do Calvário, transforma essa via em pista de peões. E não sabemos se afinal é ela quem acompanha o Filho ou se é este que dá a mão à sua Mãe.
Que saibamos saborear da companhia de Jesus e de Maria. Como caminhantes, nunca vamos sozinhos. Ao contemplar Maria acompanhando Jesus, recordemos que tanto Jesus como Maria Santíssima nunca nos abandonam. Sobretudo nos momentos mais dolorosos podemos contar com a sua companhia e proteção.

5ª Estação - Jesus é ajudado pelo Cireneu
Trânsito nos dois sentidos












Jesus tinha feito eco das Escrituras que convidavam a amar o próximo como a si mesmo, como se o outro fizesse parte de cada um.
Jesus, ao ser ajudado por Simão de Cirene, confirmou que essa palavra foi aqui plenamente realizada e cabalmente vivenciada.
A solidariedade, a interajuda, a caridade ou a generosidade é uma estrada com dois sentidos: É uma dar e um receber, um duplo benefício, um intercâmbio de valores.
Não sabemos quem recebeu mais ou ofereceu mais: se Jesus que foi ajudado, se o Cireneu que O ajudou. Com certeza ambos deram e receberam.
Que Jesus nos ensine a ir ao encontro dos outros para que todos possamos crescer e avançar.
Se nem toda a gente valoriza a caridade, a caridade vem valorizar toda a gente.


6ª Estação - Jesus encontra Verónica
Posto de Primeiros Socorros












Jesus seguiu com a sua cruz, no meio de encontrões, tropeços, acusações tal como por entre ignorância ou indiferença total. Ninguém podia dizer que não sabia o que se estava a passar, ou que não se apercebia da presença e da necessidade de Jesus.
Apenas uma mulher, que ficou para a história com o nome de Verónica, que quer dizer rosto verdadeiro, é que se aproximou e lhe prestou assistência. Ela foi um posto de socorro para Jesus. Limpou-lhe o rosto e guardou para sempre essa figura, não só no lenço, mas sobretudo no seu coração e na nossa memória coletiva.
Sempre que alguém se aproxima de um necessitado está a ser um posto de socorro.
Sempre que alguém presta assistência a um indigente, está a recompor o rosto de toda a humanidade, o rosto de Cristo, pois cada pessoa é imagem e semelhança de Deus.


7ª Estação - Jesus cai pela 2ª vez
Queda de Pedras












Jesus caiu como pedra sobre as pedras do caminho. Apesar disso Ele é a rocha firme, sobre a qual podemos edificar. Ele é o rochedo da nossa salvação.
Nesta estação, mais do que contemplar a Cristo a cair, podemos tomar consciência das pedras que caiam sobre Jesus. Eram pedras que feriam, eram palavras odiosas, acusações injustas… E no meio de tanta pedra a cair, Ele também cai para logo se levantar.
Uma vez Ele disse que quem não tivesse pecado algum poderia atirar a primeira pedra sobre alguém. Mas ninguém quis ouvir tais palavras e por isso vivemos no meio de tanta pedrada.
Para que deixe de cair pedras no caminho de Deus ou dos nossos irmãos, olhemos para as nossas mãos e limpemos as nossas mãos de qualquer tipo de pedra, pois se as nossas mãos estão cheias de pedras, não estarão livres para cumprimentar e ajudar quem precisa.


8ª Estação - Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
Proibido Buzinar












Um grupo de mulheres acompanhou Jesus, chorando e compadecendo-se do seu estado.
Jesus sugeriu-lhes que nunca se esquecessem de ter a mesma atenção para com os seus filhos. Estas mulheres sem pronunciarem palavra alguma, no meio de tanta algazarra e gritaria de acusações, choravam… De facto as lágrimas são uma eloquente maneira de partilhar silenciosamente as penas dos outros…  
Jesus também experimentou tal partilha silenciosa das lágrimas: Ele chorou sobre Jerusalém, chorou pela ausência do seu amigo Lázaro, chorou o abandono dos seus amigos no Jardim das Oliveiras.
Saibamos nós também chorar em silêncio com os que choram para que possamos então alegrarmo-nos também com os que se alegram. Seremos bem-aventurados pois se agora choramos, um dia seremos consolados.

9ª Estação - Jesus cai pela 3ª vez
Piso Escorregadio











Nesta estação podemos ver Jesus de novo a cair. Não sabemos se caiu por causa do peso da cruz, se foi devido ao esgotamento das suas forças ou se foi por causa do caminho tortuoso, escorregadio e doloroso. Com certeza que a conjugação de tantos fatores fez com que Jesus ficasse durante alguns momentos de rasto.
O convite a preparar o caminho do Senhor, tem sido uma constante desde as mais remotas etapas da nossa salvação.
Também o caminho da nossa vida não é um mar de rosas. Há troços que escorregam, troços esburacados, não cuidados ou mal preparados.
Apesar disso é preciso avançar.
Peçamos a Jesus que nos ensine a caminhar sempre mesmo pelos caminhos tortuosos da nossa vida. Que saibamos avançar sem nunca nos deixarmos cair ou sujar pelos caminhos deste mundo e nem sequer nos queixarmos do caminho.

10ª Estação - Jesus é despojado das suas vestes
Outros Perigos












No meio de tantas dificuldades e tormentos, ainda faltava mais este constrangimento. Jesus foi despojado de tudo o que tinha.
Que outros perigos tinha ainda de enfrentar?
Jesus, que nasceu pobre, viveu humilde e simples, e morreu despojado de tudo ensina-nos que o verdadeiro perigo não é nem a pobreza nem a riqueza. O verdadeiro perigo é a dureza do coração…
É por isso que retiraram as vestes de Jesus para que ficasse com o peito despido, à vista de todos… Assim podemos contemplar a pureza do seu coração.
Que saibamos nós também enfrentar todos os perigos que nos cercam, sempre com um coração puro à imagem do Coração de Jesus.
Aprendamos d'Ele que é manso e humilde de coração e venceremos todos os perigos.

11ª Estação - Jesus é crucificado
Obras na via












No alto do Calvário Jesus foi pregado ao madeiro da cruz.
Ele estava habituado a esses instrumentos de trabalho: madeira, pregos, martelos, traves, barrotes etc. Ele era conhecido como o carpinteiro, ou como filho de carpinteiro.
Mas aqui o seu trabalho é outro.
A sua obra por excelência é a obra da redenção.
Jesus é crucificado para completar a sua obra.
Que saibamos então fazer do nosso trabalho, da nossa atividade, uma obra de redenção e fazer da nossa salvação uma atividade ou um trabalho que envolva todas as nossas forças e toda a nossa vida.

12ª Estação - Jesus morre na cruz
Paragem Obrigatória












Segundo a tradição, às três horas da tarde, Jesus morreu no alto da cruz e… toda a criação parou, todas as criaturas suspenderam a respiração, toda a natureza suspirou.
Saibamos parar para contemplar aquele que morreu por nós.
Como diziam os pastorinhos de Fátima, Jesus morreu para pararmos de fazer o mal.
Contemplemos aquele que trespassaram.
Dizem que o termo STOP é constituído pelas iniciais de: Se Tens Olhos Pára.
Olhemos então para Jesus, paremos para refletir e para mostrar que podemos iniciar uma vida nova, de mudança e conversão.
Quem não sabe parar não sabe para onde vai, tal como quem não morrer não pode viver para a eternidade.
13ª Estação - Jesus é descido da cruz
Descida Acentuada












Jesus ao nascer, ao descer do Céu à terra, passou pelos braços de Maria, sua mãe. Agora também ao morrer, ao descer da Cruz para o Sepulcro passa pelos mesmos braços de sua mãe.
Jesus disse um dia que quem se humilhar será exaltado e vice-versa…
É por isso que ele humilhou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo, humilhando-se até à morte e morte de Cruz. Mas Deus O exaltou e O glorificou.
Que saibamos fazer das nossas descidas o sinal da nossa humildade e a nossa entrega nas mãos da nossa Mãe do Céu.

14ª Estação - Jesus é sepultado
Túnel












Às vezes temos, de ao entrar num túnel das nossas estradas, a sensação de estarmos a entrar numa gruta sem saída.
Nesta estação o que podemos contemplar é precisamente o contrário.
Jesus ao entrar na gruta do seu túmulo, não entra numa gruta mas sim num autêntico túnel… pois o seu túmulo foi a gruta do seu novo nascimento, foi o túnel que o conduziu à ressurreição e à vida eterna.
Saibamos nós também atravessar os túneis das trevas da nossa vida para que possamos com Cristo ressuscitar e alcançar a vida em abundância.
15ª Estação - Jesus Ressuscita
Semáforos











Com a sua Ressurreição, Cristo abriu-nos o caminho da salvação e escancarou para todos a porta da eternidade. A partir daí há sempre luz verde para prosseguirmos o caminho da plenitude de vida.
Mas ao mesmo tempo há que renunciar a tudo o que nos pode travar nesse caminho. É preciso respeitar o sinal vermelho do pecado, da falta de fé, falta de esperança ou ou falta de caridade.
Para além disso, Jesus ensina-nos a prudência e a vigilância, qual luz amarela ou sinal intermitente deve merecer a nossa atenção.
Estejamos atentos aos sinais dos tempos, ao código de trânsito, aos sinais de orientação que o Senhor continua a colocar na nossa vida para que O possamos seguir, pois só Ele é o Caminho, a Verdade e a vida.

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