sexta-feira, 6 de junho de 2008

Justos e Pecadores

Ano A – X Domingo Comum

Depois de atender de confissão um grupo de crianças, fui confessar-me também.
À saída, um miúdo estava a comentar com os colegas:
- Eu não sabia que os Padres também se confessavam...
Aproximei-me e confirmei:
- Claro, confessam-se como todas as pessoas. Qual é o espanto?
- É que os seus pecados devem ser diferentes.
- Sim, como não sou casado, os meus pecados não são de pessoa casada, também não são de uma pessoa simplesmente solteira... Enfim, são pecados de Padre.
- Ah, já percebi. São pecados sagrados.
Com certeza que Jesus responderia que não veio chamar os justos, mas os pecadores. Não quer dizer que não tenha vindo buscar os justos mas que não os há assim, porque todos são pecadores. Ele veio buscar a todos. A humanidade não se divide em justos e pecadores mas em pecadores que se reconhecem como tais e em pecadores que se crêem justos. Aliás Ele disse: Ide anunciai que os pecados são perdoados. Perdoados e não suprimidos porque todos continuaremos a ter pecados, cada um segundo a sua contingência.
Uma laranjeira não é meramente laranjeira pelo facto de produzir laranjas. Ela dá laranjas porque é laranjeira. Eu não sou pecador porque peco. Peco porque sou um pecador. Jamais quererei um Salvador enquanto não souber que sou um pecador. Não quererei um médico a não ser que me encontre doente.

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