sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Vinho novo no coração novo


6ª feira – XXII semana comum

Porque é que nós jejuamos e os Teus discípulos não jejuam? Porquê?

Porque para vós o jejum é uma questão de lei. Não é um dom espontâneo. Em si mesmo, o jejum não tem valor; o que conta é o desejo daquele que jejua.

Que proveito pensais tirar do vosso jejum, se jejuais constrangidos e forçados por uma lei? O jejum é um arado maravilhoso para lavrar o campo da santidade. Mas os discípulos de Cristo foram enviados a trabalhar no campo já maduro da santidade; eles comem o pão da colheita nova.

Como poderiam eles ser obrigados a praticar jejuns agora caducos? Poderão os convidados para a boda jejuar enquanto o Esposo está com eles?

Aquele que se casa entrega-se inteiramente à alegria e toma parte do banquete; mostra-se muito afável e alegre para com os convidados; faz tudo o que lhe inspira o seu afeto pela esposa. Cristo celebra as Suas bodas com a Igreja enquanto vive na terra. É por isso que aceita tomar parte nas refeições para as quais é convidado. Cheio de benevolência e amor, mostra-Se humano, acessível e amável. Não veio Ele para unir o homem a Deus e fazer dos Seus companheiros membros da família de Deus?

Do mesmo modo, diz Jesus: Ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha. Esse pano novo é o tecido do Evangelho, que está em vias de ser entretecido com a lã do Cordeiro de Deus: uma veste real que o sangue da Paixão irá em breve tingir de vermelho. Como aceitaria Cristo unir esse pano novo com a vetustez do legalismo de Israel?

Assim como ninguém deita vinho novo em odres velhos; se o fizer, o vinho romperá os odres e perde-se o vinho, tal como os odres. Mas vinho novo, em odres novos. Esses odres novos são os cristãos.

O jejum de Cristo é que purificará esses odres de toda a sujidade, para que fique intacto o sabor do vinho novo. O cristão torna-se assim o odre novo, pronto a receber o vinho novo, o vinho das bodas do Filho, pisado na prensa da cruz.

(S. Pedro Crisólogo)

 

À margem:

Jesus não põe um remendo de tecido novo num coração velho. Tudo tem de ser novo.

Também não derrama sangue novo num coração velho. Sangue novo num coração novo!

Ninguém recebe vinho novo se ainda está com o odre velho.

 

Ver também:

Odre novo é o nosso coração

Festa é festa, jejum é jejum

O vinho e os odres

Retalhos

Vinho novo

Odres novos

Remendos

 

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