terça-feira, 11 de abril de 2017

O mistério de Judas


3ª feira da semana santa

Torna-se ainda mais denso o mistério acerca do destino eterno de Judas, sabendo que “se arrependeu e restituiu as trinta moedas de prata aos sumos sacerdotes e aos idosos, dizendo: “Pequei, entregando sangue inocente” mesmo se em seguida ele se afastou para se ir enforcar não compete a nós julgar o seu gesto, substituindo-nos a Deus infinitamente misericordioso e justo.
Porque Judas traiu Jesus? A questão é objeto de várias hipóteses. Alguns recorrem ao fator da sua avidez de dinheiro; outros dão uma explicação de ordem messiânica: Judas teria ficado desiludido ao ver que Jesus não inseria no seu programa a libertação político-militar do seu próprio País. Na realidade os textos evangélicos insistem sobre outro aspeto: João diz expressamente que “tendo já o diabo metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que O entregasse”; analogamente escreve Lucas: “Entrou Satanás em Judas, chamado Iscariotes que era do número dos Doze”.
Desta forma, vai-se além das motivações históricas e explica-se a vicissitude com base na responsabilidade pessoal de Judas, o qual cedeu miseravelmente a uma tentação do maligno. A traição de Judas permanece, contudo, um mistério. Jesus tratou-o como um amigo, mas, nos seus convites a segui-lo pelo caminho das bem-aventuranças, não forçava as vontades nem as preservava das tentações de Satanás, respeitando a liberdade humana.
Pedro, depois da sua negação, arrependeu-se e encontrou perdão e graça.
Também Judas se arrependeu, mas o seu arrependimento degenerou em desespero e assim tornou-se autodestruição.
Para nós isto é um convite a ter sempre presente quanto diz São Bento no final do fundamental capítulo V da sua “Regra”: “Nunca desesperar da misericórdia divina”.
Na realidade Deus “é maior que o nosso coração”. Por conseguinte, tenhamos presente duas coisas:
A primeira: Jesus respeita a nossa liberdade.
A segunda: Jesus espera a nossa disponibilidade para o arrependimento e para a conversão; é rico de misericórdia e de perdão.
Afinal, quando pensamos no papel negativo desempenhado por Judas devemos inseri-lo na condução superior dos acontecimentos por parte de Deus. A sua traição levou à morte de Jesus, o qual transformou este tremendo suplício em espaço de amor salvífico e em entrega de si ao Pai.

(Cf Bento XVI, audiência-geral, 16/10/2006)

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