Festa de São Lourenço, Jovem Diácono e Mártir
São Lourenço, uma semente lançada à terra
“O
grão de mostarda é um grão pequeno, vulgar e desprezível; não tem sabor, não
exala cheiro, não deixa presumir doçura.
Depois
de ser triturado, contudo, difunde o seu odor próprio, dá mostras do seu vigor,
tem um gosto de chama e queima com ardor tal que a pessoa se espanta ao
encontrar tão grande fogo em grão tão pequeno.
Também
a fé cristã é, à primeira vista, pequena, vulgar e frágil; não demonstra o seu
poder, não faz alarde da sua influência. Mas, depois de ter sido triturada por
várias provas, dá mostras do seu vigor, faz brilhar a sua energia, exala a
chama da sua fé no Senhor. O fogo divino fá-la vibrar com um fulgor tal que
aquece os que dela partilham, como diziam Cléofas e o seu companheiro quando o
Senhor conversou com eles após a Paixão: ‘Não estava o nosso coração a arder cá
dentro, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?’
Podemos
comparar o santo mártir Lourenço ao grão de mostarda. Triturado por múltiplas
torturas, mereceu a graça de um martírio glorioso. Enquanto habitava o seu
corpo, era humilde, ignorado e vulgar; depois de ter sido torturado, rasgado e
queimado, difundiu sobre os fiéis de todo o mundo o bom odor da sua nobreza de
alma.
Visto
de fora, este mártir ardeu nas chamas de um tirano cruel; mas foi consumido do
interior por uma chama maior, a chama do amor de Cristo. Bem pode o ímpio rei
juntar a lenha e acender uma fogueira intensa, que São Lourenço, no ardor da
sua fé, já não sente essas chamas. Os sofrimentos deste mundo já não têm poder
sobre ele, pois a sua alma habita no Céu.”
(CF.
São Máximo de Turim (+420) bispo, Sermão 40)
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