terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Compreendendo o Pai Nosso

3ª feira - I semana da quaresma

A oração do Pai-nosso, composta de sete petições, todas sete se contêm em cada uma e cada uma contém todas sete. Seja exemplo a primeira:
1 - Na primeira petição pedimos a Deus, que seja Deus santificado em nós.
2 - E se Deus é santificado em mim, já o reino de Deus veio a mim,
3 - se Deus é santificado em mim, já eu faço a vontade de Deus na terra como no céu,
4 - se Deus é santificado em mim, já lhe posso pedir o pão nosso como meu, porque é pão dos filhos,
5 - se Deus é santificado em mim, eu perdoo e Deus me perdoa;
6 - se Deus é santificado em mim, a tentação não me vence a mim, senão eu a ela;
7 - finalmente, se Deus é santificado em mim, nenhum mal me pode acontecer, porque de todo estou livre: pois livrai-nos de todo o mal.
E se dermos agora outra volta do fim do Pai-nosso para o princípio, o mesmo corre por outro modo:
7 - Livrai-nos de todo o mal.
6 - Se estou livre de todo o mal, não posso cair em tentação;
5 - se não posso cair em tentação, não posso deixar de perdoar e ser perdoado;
4 - se perdoo e sou perdoado, não se me pode negar o pão do céu;
3 - se converto em substância o pão do céu, assim como a vontade de Deus se faz no céu, assim a faço eu na terra;
2 - se faço a vontade de Deus na terra, já o reino de Deus me pertence a mim,
1 - e se a mim me pertence o reino de Deus, também Deus está santificado em mim.
De sorte que, de qualquer parte que tomemos o Pai-nosso e entrarmos nele como em um artificioso labirinto da ideia e mão divina, acharemos que todas as sete petições se contêm em cada uma, e cada uma em todas sete: todo em todo e todo em qualquer parte.
(assim explicava o grande Pe. António Vieira no século XVII)

Sem comentários: