sexta-feira, 11 de julho de 2025

A Regra de São Bento


Festa de São Bento, Abade, Padroeiro da Europa

A Regra de São Bento, composta a partir do ano 529 para a nascente comunidade monástica de Monte Cassino, contém as normas que governam todos os aspetos da vida espiritual e material do monge e de toda a comunidade para chegar à perfeita união com Deus. É uma Regra equilibrada e completa, humana e espiritualmente porque apresenta um tempo para tudo:

 

1 – Tempo para o corpo – Labora – Manter-se em atividade física através do trabalho e da ação sem espaço para o ócio.

2 – Tempo para a mente – Ler e escrever, estudar e argumentar, numa espécie de ginástica mental.

3 – Tempo para a alma – Ora – rezar, meditar, pregar, adorar, celebrar a liturgia comunitária com devoção e dignidade.

4 – Tempo para a comunidade e para os irmãos – Vede como eles se amam para amar como eles se olham ou se veem. Todos os hóspedes que chegarem serão recebidos como o próprio Cristo.

5 – Tempo com a natureza – cuidar da criação, mas também unir-se em louvor juntamente com todas as criaturas para recuperar o paraíso inicial, sem esquecer a dimensão lúdica.

 

À margem 1:

São Bento, o Pai dos Monges, faleceu aos 67 anos, em 547, mas a sua Regra continua a inspirar a vida e a santidade de muitos discípulos. Os frutos do seu trabalho são históricos e contabilizados. Dos mosteiros beneditinos até hoje saíram 23 papas, 5 mil bispos e 3 mil santos canonizados.

 

À margem 2:

São Bento apresenta a ligação de trabalho e oração (Ora et Labora). A oração permanente é assegurada pelo monge também durante o trabalho. No meio do trabalho, a oração interior continua. O monge não está sempre a pensar em Deus, mas no fundo da sua alma, está ancorado em Deus. Interiormente reconhece a presença de Deus. Da mesma forma que gostamos mais de trabalhar num dia de sol do que num dia de chuva, sem estarmos sempre a pensar no sol, assim também a presença purificadora e salvadora de Deus é um prazer para quem a tem. A presença de Deus é o espaço em que trabalhamos. Ela influencia o nosso trabalho. A oração interior lembra-nos sempre da presença do amor de Deus.

 

À Margem 3:

No refeitório, depois da oração inicial, a distribuição dos alimentos ocorre ao sinal do abade; no mesmo momento, o “lector hebdomadarius” inicia a leitura espiritual em alta voz, enquanto que os monges escutam no mais absoluto silêncio. À mesa leem-se alguns versículos da Bíblia, seguidos de excertos de obras espirituais, históricas e edificantes, de modo que enquanto se alimenta o corpo, se possa também nutrir o espírito.

 

À margem 4:

Corre enquanto tens a luz da vida, para que as trevas da morte não te alcancem. (Prólogo da Regra de São Bento, referindo-se a Jo 12,35).

 

À margem 5:

Na Regra de São Bento não se fala ainda de votos. Tirando o texto dobre a obediência ao abade, a Regra não fala explicitamente dos três votos religiosos ou conselhos evangélicos (Pobreza, Castidade e Obediência). São Bento prefere falar da CONVERTIO MORUM, a conversão da nossa maneira de viver. Esta conversão será sempre uma conversão para Cristo e o seu Evangelho.

 

Ver também:

A atualidade de São Bento

A cruz, o livro e a charrua

O trabalho é oração e vice-versa

As 3 brechas

Oração e ação

Oração de São Bento

São Bento de Núrcia

Ora et labora

 

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