Festa de São Bento, Abade, Padroeiro da Europa
A Regra de São Bento, composta a partir do ano 529
para a nascente comunidade monástica de Monte Cassino, contém as normas que
governam todos os aspetos da vida espiritual e material do monge e de toda a
comunidade para chegar à perfeita união com Deus. É uma Regra equilibrada e completa, humana e espiritualmente porque apresenta um tempo para tudo:
1 – Tempo para o corpo – Labora
– Manter-se em atividade física através do trabalho e da ação sem espaço para o ócio.
2 – Tempo para a mente –
Ler e escrever, estudar e argumentar, numa espécie de ginástica mental.
3 – Tempo para a alma –
Ora – rezar, meditar, pregar, adorar, celebrar a liturgia comunitária com devoção e
dignidade.
4 – Tempo para a comunidade e para os irmãos – Vede
como eles se amam para amar como eles se olham ou se veem. Todos os hóspedes
que chegarem serão recebidos como o próprio Cristo.
5 – Tempo com a natureza –
cuidar da criação, mas também unir-se em louvor juntamente com todas as
criaturas para recuperar o paraíso inicial, sem esquecer a dimensão lúdica.
À margem 1:
São Bento, o Pai dos Monges, faleceu aos 67 anos, em
547, mas a sua Regra continua a inspirar a vida e a santidade de muitos
discípulos. Os frutos do seu trabalho são históricos e contabilizados. Dos
mosteiros beneditinos até hoje saíram 23 papas, 5 mil bispos e 3 mil santos canonizados.
À margem 2:
São Bento apresenta a ligação de trabalho e oração
(Ora et Labora). A oração permanente é assegurada pelo monge também durante o
trabalho. No meio do trabalho, a oração interior continua. O monge não está
sempre a pensar em Deus, mas no fundo da sua alma, está ancorado em Deus.
Interiormente reconhece a presença de Deus. Da mesma forma que gostamos mais de
trabalhar num dia de sol do que num dia de chuva, sem estarmos sempre a pensar
no sol, assim também a presença purificadora e salvadora de Deus é um prazer
para quem a tem. A presença de Deus é o espaço em que trabalhamos. Ela
influencia o nosso trabalho. A oração interior lembra-nos sempre da presença do
amor de Deus.
À Margem 3:
No refeitório, depois da oração inicial, a
distribuição dos alimentos ocorre ao sinal do abade; no mesmo momento, o
“lector hebdomadarius” inicia a leitura espiritual em alta voz, enquanto que os
monges escutam no mais absoluto silêncio. À mesa leem-se alguns versículos da
Bíblia, seguidos de excertos de obras espirituais, históricas e edificantes, de
modo que enquanto se alimenta o corpo, se possa também nutrir o espírito.
À margem 4:
Corre enquanto tens a luz da vida, para que as trevas
da morte não te alcancem. (Prólogo da Regra de São Bento, referindo-se a Jo
12,35).
À margem 5:
Na Regra de São Bento não se fala ainda de votos.
Tirando o texto dobre a obediência ao abade, a Regra não fala explicitamente
dos três votos religiosos ou conselhos evangélicos (Pobreza, Castidade e Obediência).
São Bento prefere falar da CONVERTIO MORUM, a conversão da nossa maneira de
viver. Esta conversão será sempre uma conversão para Cristo e o seu Evangelho.
Ver também:
O trabalho é oração e vice-versa
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