quinta-feira, 29 de maio de 2025

Os três amores de Paulo VI

 

Memória de São Paulo VI

Papa de 1963 a 1978

Os três amores do Papa Paulo VI

O amor a Cristo, o amor à Igreja e o amor ao Homem.

- O amor profundo a Cristo não para O possuir, mas para O anunciar.

- O amor à Igreja, um amor apaixonado, o amor da vida inteira, jubiloso e sofrido.

- O amor ao homem. Também ligado a Cristo: é a própria paixão de Deus que nos impele a encontrar o homem, a respeitá-lo, a reconhecê-lo e a servi-lo.

A Igreja é a serva do homem, a Igreja crê em Cristo que veio na carne e por isso serve o homem, ama o homem, acredita no homem.

 

Qual é a primeira necessidade da igreja?

Qual o seu bem de primeira necessidade?

Paulo VI respondia:

Vós jovens, vós irmãos no sacerdócio, vós pessoas consagradas, vós leigos, escutai-me:

- do que mais precisa a Igreja é do Espírito Santo – animador e santificador da Igreja, seu alento divino, vento das suas velas, seu princípio unificador, seu manancial de luz e de força, seu apoio e consolação, sua fonte de carismas e de cantos, sua paz e alegria, seu penhor e prelúdio de vida bem-aventurada e eterna.

 

Um Papa com coroa de espinhos

Papa Francisco: Paulo VI! Muitas vezes me ocorreu refletir se esse Papa não deveria ser considerado um "mártir"!

Certa vez, num encontro particular nas proximidades do rito de beatificação do Papa Montini, eu também disse isso ao bispo Marcello. Perguntei-lhe, entre o sério e o jocoso, se eu deveria usar vestes litúrgicas vermelhas ou brancas no rito. Ele não me entendeu e observou que o vermelho era a cor prescrita para os ritos fúnebres dos Papas. Expliquei-lhe o que eu queria dizer e ele ficou pensativo comigo. Com efeito, em 15 de dezembro de 1969, por ocasião da clássica troca de felicitações de Natal com o Colégio Cardinalício e a Cúria Romana, Paulo VI mencionou o fato de o Vaticano II ter «produzido um estado de atenção e, em certos aspetos, de tensão espiritual», incluindo a crise de muitos sacerdotes. Nesse contexto ele disse: “Esta é a nossa coroa de espinhos”.

 

Liturgia do dia de S. Paulo VI

 

Nota Histórica

João Batista Montini nasceu no dia 26 de setembro de 1897, na cidade de Concésio, na província italiana de Bréscia. Foi ordenado presbítero no dia 29 de maio de 1920, desempenhou o seu ministério na Sé Apostólica e foi nomeado arcebispo de Milão. Elevado à cátedra de Pedro no dia 21 de junho de 1963, presidiu à conclusão do Concílio Vaticano II, promoveu a instauração da vida eclesial, sobretudo a liturgia, e empenhou-se no diálogo ecuménico e na mensagem do Evangelho ao mundo contemporâneo. No dia 6 de agosto de 1978 elevou o espírito a Deus.

 

Missa da memória

 

Antífona de entrada Cf. Sl 67, 8-9

Quando saístes, Senhor, à frente do vosso povo,

abrindo-lhe o caminho e habitando no meio dele,

estremeceu a terra e abriram-se as fontes do céu.

 

Oração coleta

Senhor nosso Deus,

que instituístes o sacrifício pascal para a salvação do mundo,

ouvi benignamente as súplicas do vosso povo

e fazei que, intercedendo por nós Jesus Cristo, nosso Sumo Sacerdote,

a sua natureza humana nos reconcilie convosco

e a sua natureza divina nos absolva do pecado.

Ele que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,

por todos os séculos dos séculos.

 

Oração sobre as oblatas

Subam à vossa presença, Senhor,

as nossas orações e as nossas ofertas,

de modo que, purificados pela vossa graça,

possamos participar dignamente

nos sacramentos da vossa misericórdia.

Por Cristo nosso Senhor.

 

Antífona da comunhão Mt 28, 20

Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos. Aleluia.

 

Oração depois da comunhão

Deus todo-poderoso e eterno,

que, em Cristo ressuscitado, nos renovais para a vida eterna,

multiplicai em nós os frutos do sacramento pascal

e infundi em nossos corações a força do alimento que nos salva.

Por Cristo nosso Senhor.

 

Liturgia das Horas

Ofício de Leitura

 

SEGUNDA LEITURA

Das Homilias de São Paulo VI, papa

(In ultima Concilii Oecumenici Vaticani secundi publica Sessione, die 7 decembris 1965:

AAS 58 [1966] 53. 55-56. 58-59) (Sec. XX)

 

É preciso conhecer o homem para se conhecer a Deus

Com o impulso deste Concílio [Ecuménico Vaticano II], a doutrina teocêntrica e teológica sobre a natureza humana e sobre o mundo atrai a si a atenção dos homens, como se desafiasse aqueles que a julgam anacrónica e estranha; e tais coisas se presume que o mundo qualificará, de início, como absurdas, mas que depois, assim o esperamos, reconhecerá espontaneamente como humanas, como prudentes e salutares, a saber: Deus existe. Sim, Deus existe; realmente existe; vive; é pessoal; é providente, dotado de infinita bondade, não só bom em si mesmo mas imensamente bom para nós; é o nosso criador, a nossa verdade, a nossa felicidade, de tal modo que o homem, quando procura fixar em Deus a sua mente e o seu coração, entregando-se à contemplação, realiza o ato que deve ser considerado o mais alto e mais perfeito; ato, que mesmo hoje pode e deve hierarquizar a imensa pirâmide da atividade humana.

Na verdade, a Igreja, reunida em Concílio, entendeu sobretudo fazer a consideração sobre si mesma e sobre a relação que a une a Deus; e também sobre o homem, o homem tal qual como se apresenta realmente no nosso tempo: o homem que vive; o homem que se esforça por cuidar só de si; o homem que não só se julga digno de ser como que o centro dos outros, mas também não se envergonha de afirmar que é o princípio e a razão de ser de tudo. Todo o homem fenoménico, isto é, revestido dos seus inúmeros hábitos, com os quais se revelou e se apresentou diante dos Padres conciliares, que são também homens, todos Pastores e irmãos, e por isso atentos e amorosos; o homem que lamenta corajosamente os seus próprios dramas; o homem de ontem e de hoje e, por isso, sempre frágil e falso, egoísta e feroz; o homem que vive descontente de si mesmo, que ri e chora; o homem versátil, o homem rígido que é cultor apenas da realidade científica; e o homem que como tal pensa, ama, trabalha, sempre espera alguma coisa, à semelhança do «filius accrescens» (Gen 49, 22); e o homem sagrado pela inocência da sua infância, pelo mistério da sua pobreza, pela piedade da sua dor; o homem individualista, dum lado, e o homem social, do outro; o homem «laudator temporis acti», e o homem que sonha com o futuro; o homem por um lado sujeito a falhas, e por outro adornado de santos costumes; e assim por diante. O humanismo laico e profano apareceu, finalmente, em toda a sua terrível estatura, e por assim dizer, desafiou o Concílio para a luta.

A religião do Deus que Se fez homem encontrou-Se com a religião – que o é – do homem que se faz Deus. Que aconteceu? Combate, luta, anátema? Tudo isto poderia ter-se dado, mas de facto não se deu. A antiga história do bom samaritano foi o paradigma da espiritualidade do nosso Concílio. Uma simpatia imensa tudo invadiu. A descoberta e a consideração renovada das necessidades humanas – que são tanto mais molestas quanto mais se levanta o filho desta terra – absorveram toda a atenção deste Concílio. Vós, humanistas do nosso tempo, que negais as verdades transcendentes, dai ao Concílio ao menos este louvor e reconhecei este nosso humanismo novo: também nós – e nós mais do que ninguém somos cultores do homem.

A religião católica é a vida da humanidade, porque descreve a natureza e o destino do homem, e dá-lhe o seu verdadeiro sentido. É a vida da humanidade, finalmente, porque constitui a lei suprema da vida, e à vida infunde a misteriosa energia que faz dela uma vida verdadeiramente divina.

Todos vós que estais aqui presentes, como no rosto de todo o homem, sobretudo se se tornou transparente pelas lágrimas ou pelas dores, devemos descobrir o rosto de Cristo, o Filho do Homem; e se no rosto de Cristo (cf. Mt 25, 40) devemos descobrir o rosto do Pai celestial, segundo aquela palavra: «quem Me vê, vê o Pai» (Jo 14, 9), o nosso humanismo faz-se cristianismo, e o nosso cristianismo faz-se teocêntrico, de tal modo que podemos afirmar: para conhecer a Deus, é necessário conhecer o homem.

Amar o homem, dizemos, não como instrumento, mas como que primeiro fim, que nos leva ao supremo fim transcendente.

 

Responsório Cf. Fil 4, 8

R. Tudo o que é verdadeiro e nobre, justo e puro, amável e de boa reputação, * é o que deveis fazer (T. P. Aleluia).

V. Tudo o que é virtude e digno de louvor, * é o que deveis fazer (T. P. Aleluia).

 

Oração

Deus eterno e omnipotente, que chamastes o papa São Paulo VI, solícito apóstolo do Evangelho do vosso Filho, para governar a santa Igreja, fazei que, iluminados pelos seus ensinamentos, colaboremos generosamente no vosso reino para que se dilate a civilização do amor em todo o mundo. Por Nosso Senhor.

 

Ver também:

Padre há mais de 100 anos

Dois pequenos santos

O Papa da minha infância

Conservei a fé

Os Papas que conheceram o Pe. Dehon

 

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